horror terror estertor cada vez mais
clamor de mães cada vez mais
desespero de pais o que é que a gente faz
aonde a gente vai?
já não vamos aos shopping
Já não vamos às praias
o lazer agora é nos cemitérios
nos necrotérios ou
instituto médico legal a reconhecer
cadáveres irreconhecíveis dos nossos
meninos meninas crianças ainda
não temos mais adolescentes para matarem
parem de matar nossos filhos morrem cedo
não chegam à idade adulta não namoram não casam
viram defuntos presuntos disformes pelas quantidades
dos furos das balas justamente para
ser estarrecedor horror terror estertor
olha a cara do meu menino
não tem mais rosto
olha a face da minha menina
era linda um anjo
olha no que se tornou
uma máscara mortuária uma mortalha
não terei mais em meus braços minha criança
a me abraçar agora terei cadáver para chorar
mas as minhas lágrimas secaram
alguém me ajuda a chorar
chore por mim para me aliviar
não tenho em quem me apoiar
quando a polícia chega só quer é nos matar
incomodamos mesmo quando estamos quietos
nos nossos horrores
nas nossas infelicidades
nos semblantes dos nossos estertores
BH, 0501002023; Publicado: BH, 080202024.
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