até quase a barriga estourar para ficar do
tamanho do touro fazia igual à rã enchia
os pulmões o peito de ar ao máximo
trancava a respiração na tentativa de os
alargar que um dia cheguei a desmaiar fui
socorrido a tempo hoje sou cachorro
vira-latas cão caim sem dono de rabo entre
as pernas a ladrar estas laudas sem me
envergonhar da heresia da estupidez sem
ruborizar-me o grande ápice de ignorância
segui a vida até aqui inchado de tudo que
não presta que comprava no mercado sódio
glicose gorduras trans triglicérídes colesterol
pressão alta obesidade mórbida diabético
cardíaco com glaucoma próstata estourada
pernas com varizes veias entupidas dentes
estragados peles com feridas ossos doloridos
juntas enferrujadas sempre a procurar um
recôndito num quarto escuro para me esconder
nas sombras quebrei todos os espelhos vivo
opaco obtuso oprimido a perambular para cá
para lá como o pêndulo dum relógio velho sem
cordas que só balança quando se abre a janela
uma ou outra lufada de vento por acaso entra
a trazer um remorso do universo através dela
BH, 0601002023; Publicado: BH, 0150202024.
Nenhum comentário:
Postar um comentário