sábado, 17 de setembro de 2022

a cova do corvo na corcova

a cova do corvo na corcova
e a morte no cangote
e no cacaio o velhote
e o grito se ouviu na corcunda 
da cacunda deixa no caminho
o fardo a estrada é longa
e forasteiro que não conhece
o estrangeiro não carregará
o fato molambeiro a não
ser por dinheiro
é um ancestral derradeiro
pai pote de história
e moringa de saber de glória
e talha de sabedoria
e jarra de alegoria
e vaso de adorno
e poço de blandícia
que já foi moço noviço
garção mancebo no visgo
e não pode servir de pasto
ao urso pardo
e não quero saber quem é
a encruzilhada é para oferta
e oferenda
toca um oboé detoco
ou de taco
ou o que der pois a marcha
não pode parar
e temos criança
e mulher
e cada um quer uma vingança
e já tivemos vizinhança
e hoje temos solidão
e companhia de solitário
ermitão faz um alforje
feito de pão de leite
e deposita com deleite como
se fosse um ebó com um
coldre d'água sagrada
e só é um peso a menos
e pisaremos com as
solas dos pés descalços
os seixos calcificados
e amanhã seremos nós
nos cruzamentos
abandonados
até os esqueletos
formados
e as caveiras limadas
e os ossos musgados nas faias
e os vis viajantes venderão
nas feiras simonias
e patuás
e amuletos
e santos graaus
e sudários
e cálices bentos
e ossos sacros
consagrados aos ventos

BH, 01701202021; Publicado: BH, 0170902022.

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