o que me alimenta
são as tuas carnes
e o que mata a minha sede
é o sangue da tua menstruação
e o que respiro
para continuar em vida
é o gás carbônico
da tua aspiração
oh musa não me abandones
não me vomites
nalguma praia
e fica comigo nos teus braços
aos amassos
aos abraços
o que mata a minha fome
são os teus versos
e só sei beber
o teu suor
e não precisas ditar para mim
mistérios
e augúrios
com engulhos de maldições
dita só o que manda o teu coração ateu
ou não
ou profano
ou pagão
soluça uma oração
ou uma reza de prece
ou uma ladainha de preta velha
ou um choro de carpideira
um murmúrio de confidente
são saudades da mãe grande
um sussurro de escrava que deixou
o filho na terra sem enterrar
o corpo a alma o filho escravo
o suspiro de saudade que
a humanidade deixou de herança
e que com a lembrança
alguém tem que ter o destino
de traçar o que a musa dita
ao escravo menino
BH, 02201002021; Publicado: BH, 020902022.
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