pois não quero ver o mundo
não quero ver rios
ou terras
ou terraços
ou continentes
ou não quero nem saber de orientes
ou ocidentes
ou estrelas cadentes
e não acendes a luz
pois não quero enxergar mais nada
e não quero saber nem de mim
e ao sair fecha a porta
e a tranca pelo lado de fora
agora sou isolado do universo
e não quero saber de quem quer saber de mim
e não quero saber de quem não quer saber de mim
e só quero saber de não querer saber de mim
e só quero saber de querer não saber
de quem não quer saber de mim
e agradeço a eficiência
ou a pouca paciência
e a indecência
ou a saliência
ou a ciência
e chegou a hora da deficiência em evidência
e tranca à chave a casa
e os portões
e as janelas
e solta os passarinhos das gaiolas
e solta os cachorros
e espalha por aí
que morri de inanição
e que morri à mingua
sem um pedaço de pão
e que não sabes de mim não
e que só voltarei noutra encarnação
BH, 02601002021; Publicado: BH, 050902022.
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