e ser indefinido a vagar
sem direção pelos caminhos
que margeiam as falésias
danço sem sentidos
e sem os pés no chão
e nunca fui nem bailarino
ou outro tipo de dançarino
e pesado igual urso
tropeço tropeiro nos seixos
e nos galhos
e nos gravetos
e nos cavacos
e alheio a tudo
ando de marcha a ré
no meio da autoestrada
em sentido contrário
e abstrato de todo
e torto com o passar do tempo
e azedo retardo o passo
para ser alcançado
pelo entardecer
e envolto pelo anoitecer
que me presenteia
com um luar de serenata
para apaixonados
e quando avisto o beiral
já é alta a noite
no matagal à beira da estrada
e cheio de alegria de solitário
e cheio de gozo de solidão
assombro do portal bem maior
do que quando seguia em vão
pela contramão
e só a embalar o coração
e a dialogar com o espírito
e sem sono
e a sonhar
adentro a sala na escuridão
e da janela reflete na serra
o primeiro clarão
BH, 01401202021; Publicado: BH, 0160902022.
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