das naus das grandes navegações
das caravelas
das catarinetas
apreendei dos porões dos navios negreiros
as assombrações
as almas dos que vão aos pelourinhos
livrai do relho os corpos torturados com
adornos de ferros de elos de correntes
de máscaras
argolas
grilhões
não escondeis as vergonhas nos sótãos dos
vossos corações pois antes de vós por aqui
passaram outros navegadores fenícios
por correntes submarinas doutros caminhos
aqui não trouxeram
nem deixaram cativos escravos
livrai os espíritos lançados ao mar por
rebeldia
insubmissão
ousadia
audácia
coragem pela liberdade
enxugai as lágrimas dos que sozinhos
nas selvas continentais
não sobreviveram ao abandono
santificai esse povo negro caído do céu
canonizai essas mulheres
vítimas de senhores feudais
ou capitães do mato
ou capatazes selvagens aproveitadores
enchei de glórias
alvíssaras os vasos sagrados dos anais da eternidade
BH, 02601002021; Publicado: BH, 050902022.
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