ainda devo uma rara obra-prima à humanidade
para também poder ser um ser humano
e ainda devo uma obra de arte que supere
duma vez por todas as minhas malasartes
e maus feitos
e mazelas da vida sem vela
e de bandeira em fralda
e ainda devo
e não nego
e pago quando puder com uma bela arte para
superar todas as feiuras dos meus tempos
e mais nada posso dizer enquanto não pagar
o ar que respiro
e o azul do céu do firmamento que olho
e a sombra da árvore na qual me assento
e a água fresca do riacho no qual bebo
e do ribeirão no qual me banho
e do açude
e do regato
e da natureza que maltrato por ser reles
e não ser real
e por ser ralé anormal
e não ser normal mas a poesia cobra de mim
todo dia o vento que me embala
e me faz sentir vivo
e animado na brisa
e no sereno
e no orvalho
e na névoa
e na neblina
e o poema me acorda com o sol
e bate na minha cara
e tapa no meu rosto é que sou um nó cego
e só causo desgosto
e augúrio
e minhas premonições abstratas
e minhas incoerências
e um dia vou
e não volto mais
e não pago
e o universo levará a eternidade inteira
a falar mal de mim
BH, 070102022; Publicado: BH, 01301102022.
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