Quando olho no espelho
O que vejo é a minha penumbra
A minha sombra tenebrosa
A silhueta fantasmagórica
Do meu vulto decadente
De aspecto inflexível
Perdido na imagem contrária
A visualizada por Narciso
No brilho do lago
Fico ali à margem
Apinhado de medo
Aglomerado na minha covardia
Com o meu amontoado de problemas
Muito junto dos complexos dos dogmas
Que meu ser não sabe como apinchar
Como jogar fora duma vez ou
Arremessar para bem longe
Pinchar o mais distante de mim
Atirar acertar na mosca fatal
Tenho que apincelar minhas paredes
Dar uma mão de tinta ou de cal
No meu muro com pincel
Ou com algo que tenha a forma
Que sirva para me disfarçar
Não quero me encontrar comigo
No estado em que me encontro
Apimentado na maldade
Temperado com a pimenta da ruindade
Picante na malvadeza
Excitante para a desgraça
Malicioso no comportamento
Preciso apiloar tudo isto
Bater socar num pilão
Fazer farinha fazer um pão
O pão que o diabo amassou
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