Quanto mais envelheço mais caturro fico
E um bruxo casmurro dessas seitas literárias
Donde os magos são expulsos e quanto mais
Envelheço mais taciturno e solitário e
Sorumbático e meditabundo com a bunda a
Esfolar a almofada do velho sofá já tão gasto
E acabado quanto o que não soube envelhecer
Por não aprender a viver e nem com a vida a
Filosofia da moderação ou a sabedoria da
Evolução e tenho a certeza de ser enterrado
Com a ignorância crônica e a estupidez
Inveterada e a insensatez notória e sem a tão
Almeja obra-prima cobiçada à vida toda e com
As coleções de frustrações e derrotas e sonhos
Não realizados e inacabados e projetos falidos
E a certeza de navegar num mar de álcool até
O último dia de vida e sem falhar um único dia
Para não decepcionar a consciência e passar
Para a ciência a experiência da decadência de
Como é beber assim um velho velhacamente
E sem condições para registrar patente para
Garantir direito autoral de tal perspicácia que
Torna-me um bêbado solitário na solitária e
Habitado por solitária e evitado nas confrarias
Por tantas perturbações e lambanças na ordem
Pública por causa das aberrações infinitas e
De morbidezes extravagantes e de bizarrices
Transviadas de comportamentos insuportáveis.
BH, 0230702020; Publicado BH, 0150602022.
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