resquícios teus nas paredes nas portas
nas janelas deixarei detalhes teus
nos encostos nos portais nos portões
lembras dos lugares onde encostavas?
lembras onde tuas sombras foram refletidas?
deixarei estas pequenas coisas no passado
as vezes quando chegavas em frente ao espelho
as vezes quando chegavas à passarela de entrada
não saias às ruas quando saias era para voltar logo
na última vez que saíste foste de vez
nunca mais voltaste a morte foi mais ligeira
por ser tão pequenininho te colocou na algibeira
agora ninguém nunca mais sabe de ti
só sei de ti porque sou justamente um ninguém
se fosse um alguém teria te feito feliz repleto pleno
se fosse um alguém estarias aqui completo comigo
não teus resquícios teus vestígios teus detalhes
não tuas marcas tuas impressões ruas imagens
teus simulacros não me perdoarei
nem deus me fará me perdoar quem poderia
conceder-me o perdão serias tu mas morrestes
passageiro da agonia da angústia da ânsia da
ansiedade do desespero agora sou o desesperado
flagelado refugiado escondo-me da verdade para
não enfrentá-la como nunca a enfrentei a verdade
é esta tua ausência na presença da tua morte
BH, 0170502024; Publicado: BH, 0160802024.
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