coração de preto coração de pobre coração de puta
sagra coração velho enferrujado de esqueleto de
osso com bolor de caveira de múmia de sarcófago
de favela peneira de balas perdidas tantas quantas
o infinito maldito pode mandar a matar o povo
periférico que chama candidamente de bandido
sangra coração de travesti essa ternura de violência
não vai acabar enquanto houver burguesia enquanto
houver elite a função deste velho coração é sangrar
em vão prostrado fundido fodido no chão derrotado
a paz não venceu o perdão não chegou podes
continuar a sangrar em hemorragia hemorrasapa
hemorraperereca hemorrarã o sangue a derramar no
mar no oceano a tingir o rio nilo eufrates tigre santo
antônio todos os santos o rio da minha aldeia global
metafísica oval é o sangue de inocentes indigentes é
o sangue ralo reles plebeu escuro de fundo de muro
não é o sangue azul puro raro de se ver de ariano no
gueto nas valas nas sarjetas ao inferno aberto sangra
bem de perto aberto aqui do meu peito deserto
coração velho septuagenário sangra ordinário
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