de letras defectíveis que reverberam
como sinos infernais em meus tímpanos
em meus ouvidos olvidos ecoadas pelas
trompas rebatidas pelas bigornas
marteladas pelos martelos retumbantes
remasterizadas nos túneis tubulares
antes tivesse ouvidos de mercadores de
indiferentes de desprezadores répteis de
sangues frios corações de couraças de
encouraçados de aços antes fosse um surdo
de nascença que não tivesse escutado esse
absurdo mas escutei ouvi auscultei senti
as batidas do bate-estacas senti a mão de
pilão senti a bofetada o soco na cara a
porrada em cheio no meio do nariz fui a
nocaute no meio da avenida alma
ferida tingida de sangue lágrimas
que criaram o mar vermelho sal do
meu corpo grosso que matou o
mar morto que pingavam estalactites
junto às estalagmites formavam a estátua
de sal oh dia mais negro de minha vida
de negro oh dia que nunca acabou oh
madrugada fatídica que não deveria ter
acordado infelizmente acordei para o
pesadelo nunca mais fui feliz só
desespero que não sei como porei fim
como que às vezes não ser surdo não
ser cego não ser mudo podem causar
tanto mal a quem não é forte é fraco
covarde medroso como que às vezes
viver custa tanto pode vir a óbito a
qualquer momento porque fui ouvir dizer?
BH, 050802024; Publicado: BH, 0220802024.
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