Não enxergo nada
Minha lavra é assim mesmo
Quando não tenho nada
Para dizer saio pelo papel
A andar a esmo a pisar aqui
Escorregar ali passo firme
Adiante passo trôpego atrás nem
Sei se é assim que se faz só
Com o tempo é que vou saber
Se algum dia aprenderei a
Escrever a dizer alguma coisa
A falar alguma palavra a mandar
Alguma letra que sejam entendidas
Por algum entendedor não
Preocupo com estilo quesito
Tema ou teor sou igual a
Chuva sou igual ao sol à
Lua as estrelas incerto
Tal voo de borboleta sou um
Calango no muro um inseto a
Zumbir um boi no ruminar
No pasto a folha seca que cai
O vaga-lume que vai a
Faísca expelida pelo fogo
Que logo se apaga quando
Vem sou o vento o vendaval
A invernada quando acho
Meu veio às vezes é ouro outras
Vezes é prata é pedra preciosa
Também cascalho borralho carvão
Cinza pedregulho seixo entulho
Não separo o joio do trigo gero
Serralho caco de vidro lama
Barro bolor não pergunto
Para ninguém se gostou
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