Sou uma cisterna seca
Um poço sem água o vaso que
Era usado para levantar a água
Está encostado um alcatruz
Velho surdo que não serve mais
Sou um alcatroeiro sem alcatrão
Fali não fabrico mais nem vendo
O alcatrão precisado alcatroado
Foi-se o tempo em que
Andava coberto untado com alcatrão
Sou aquele boi magro
Não sirvo para o corte
Nem sou o gado leiteiro ou o garrote
Bom alcatreiro que tem grande alcatra
Sou só o capim rasteiro empoeirado
Empedregulhado não sirvo
Para alimentar o gado ruminado
Fui banido do bando das aves palmipedes
Da família dos Fregatídeos
Também chamadas grapirás joãos-grande
Tesouras designações de várias
Espécies de pelicanos albatrozes
Continuei sem me encontrar
Perdido sem me conhecer
Reconhecer-me nalguma coisa
Reconhecer-me em nada
Não servi para consertar ossos deslocados
Para algebrista matemático
Nem para alcatrate o pranchão que cobre
Os topos das aposturas das balizas do navio
O único navio que usei
Foi a canoa furada que sou
Que não boiou em rio
Não boiou em lagoa
O que vai fazer no mar?
Pequena catraia sem rumo
À deriva no destino das ondas
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