Meu coração é um tanquinho
Para receber água da nora
Da minha chuva de lágrimas
Meu peito é uma almácega
Cheia de pranto de lamentações
Não consigo mais parar de chorar
Meu rosto é um almácego
Um alfobre infinito de regos
De lágrimas de lamúrias
É por isto que pego
Este papel grosso próprio
Para nele se escreveram provas
Faço este documento público
Este ofício do que sinto
Um requerimento da minha dor
É por isto que neste papel almaço
O umedeço com meu pranto
Refugio-me nesta minarete
Nesta torre de mesquita
Escondo-me na almádena
A esperar passar a agonia
Passar a angústia de minha dor
Navego no oceano formado
Numa embarcação africana
Asiática muito comprida
A fugir cada vez mais para longe
Nesta rústica almadia
Para mais distante de mim
Deito-me na enxerga do meu mal
Meu colchão sepulcral
Estrado da cama da morte
Coxim fatídico enxergão fúnebre
Grosseiro de palha almadraque
De vergonha de covardia de medo
Pois não livro minh'alma da almadrava
Fica presa na armação de pesca
Igual atum na pescaria no lugar onde
Os pescadores pecadores mentirosos
Reúnem-se para contar os acontecidos
Nenhum comentário:
Postar um comentário