A corrupção que exprime uma ameaça de anarquia nos instintos e um abalo
Fundamental nesse edifício das paixões que constitui a vida, essa corrupção
É muito diversa, segundo o organismo em que se manifesta.
Quando, por exemplo, uma aristocracia como a aristocracia francesa no
Começo da Revolução rejeita seus privilégios com um sublime desgosto e
Se oferece ela própria em sacrifício diante do transbordamento moral, essa
É realmente corrupção: - na realidade, não se deve ver aí senão o ato final
Desses séculos de corrupção persistente, por meio da qual essa aristocracia
Ha via abdicado passo a passo de seus direitos senhoris para se rebaixar a
Não ser mais que uma função da realeza (para terminar por ser enfim sua
Aparência e seu traje de pompa).
O que distingue, pelo contrário, uma boa e sã aristocracia é que ela não tem
O sentimento de ser uma função (seja da realeza, seja da comunidade), mas
O sentido e a mais elevada justificação da sociedade - é que ela aceita, em
Decorrência, de coração leve, o sacrifício de uma multidão de homens que,
Por causa dela, devem ser reduzidos e rebaixados ao estado de homens
Incompletos, de escravos e de instrumentos.
Essa aristocracia terá uma lei fundamental: a saber, que a sociedade não
Deve para a sociedade, mas somente como uma infra-estrutura e um
Sustentáculo, graças ao qual seres de elite podem se elevar até uma função
Mais nobre e chega simplesmente, a uma existência superior.
Como essa planta trepadora de Java - chamada cipó matador - que, ávida
De sol, aprisiona com suas múltiplas raízes o tronco de um carvalho, de tal
Modo que por fim ela se eleva bem acima dele, mas apoiada em seus ramos,
Desenvolvendo sua coroa ao ar livre para exibir sua felicidade aos olhos de todos.
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