Que não possui o corpo caloso como a maioria dos mortais
Não possui um cérebro sim na alma um Cérbero sim no
Espírito um Caronte na face um rio de lágrimas de lavas
Infernais que impedem a felicidade que mantêm a cabeça
Numa nuvem ardente de cuja abertura principal gera a
Corrente de lava o cone de cinzas vulcânicas rochas
Incandescentes expelidas de câmara de magma do vulcão
Mental que extrai de mim toda a minha ignorância
Truculência obtusidade toda a minha opacidade
Burrice preguiça hipocrisia falsidade mentira
Ilusão como não pode deixar de ser medo covardia
Tudo o mais que atormenta meu ser fraco faz de mim
Uma só hemorragia um só ciclo menstrual infinito
Uma só diarreia crônica incurável que leva ao
Acesso ânsia de vômito sórdido sujo fedido por
Todos os orifícios poros vão fluir de mim as minhas
Imundícies interiores particulares não são os
Excrementos os materiais fisiológicos os coliformes
Fecais outros ais mais são sim todos os meus ais de todas
As minhas dores sim tudo isso me fez renunciar me fez abrir
Mão em nome duma cultura em nome duma criação ao ser
Sou a criatura ao ser sou o mais prejudicado mais deixado de
Lado por todos por não ter por fora uma imagem ideal com
Os conceitos veiculados pelos meios de informação sou
Totalmente o reverso da medalha o outro lado do rio a outra
Margem do caminho outra via que não levará a lugar nenhum que
Fará a flacidez do esfincter ser a agonia angústia o antagonismo que
Impedem toda a beleza chegar ao seio do ser humano fazem a poesia
Ficar esquecida perder o sentido a razão a direção fazem a poesia
Apodrecer morrer solitária sem o poema morrer sem a ode a elegia a
Alegria é triste de se ver é triste de se falar de se cortejar ou almejar
Vi um homem recusar um milhão de dinheiros para não vender sua
Obra para não se violentar não se prostituir vejo tantos homens aí será
Que são homens? vejo tantos homens aí a se vender a se entregar a
Receber mais do que quanto vale um homem vendido que na verdade
Não vale não vale nada na verdade poucos são homens muitos são
Fanfarrões canalhas surrealistas superficiais muitos são violentos
Covardes rufiões injustos poucos muito poucos mesmos em realidade
São homens é preciso ser muito mais do que masculino para ser
Chamado de homem receber a alcunha de homem é preciso ser muito
Mais do que ser um ser não basta só existir possuir ter consumir é
Preciso consumir-se extinguir-se si renunciar-se abrir mão de ser a si
Próprio para ser só homem inchar o bolo também inchar completamente
A árvore cresce só com a água a terra os anabolizantes as bombas de
Asteroides podem nos fazer grandes vistosos pergunto aí? será que é isso
Que é ser homem? ser homem é só ser isso? é isso só? ou é preciso ser
Mais do que ser? não sei não sou o primeiro a correr da raia sou que
Mesmo é tudo que sei fazer acrediteis em mim ou me deixeis sem creditar
Em mim me deixeis sem só sozinho saberei me encontrar um dia ainda
Só que não espero não pretendo preciso até necessito também mas me
Deixeis de qualquer maneira por favor deixeis-me simplesmente não
Cobreis não cobreis nada de mim não tenho obrigações de pagar a não
Ser a verdade a liberdade o pão nosso de cada dia propagar o fim da fome
Da miséria da desgraça propagar o fim da pobreza da pobreza em si a
Pobreza de ser homem humano agora com os últimos vestígios de raios de
Sol nas sombras vespertinas das nuvens por cima das montanhas revivo a
Poesia no chegar da noite reclamo a poesia das estrelas dos astros do
Firmamento ressuscito a alegria no meu coração volto à carga do que
Queria do que quero desvirtuei dos meus caminhos me afastei
Dos meus atalhos que me deixaram perdido aqui (2)
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