já gostava de descer pelas ruas
das traseiras das casas já gostava
de ver as cassas por detrás menino
a rondar a cidade menino a sondar
dias ensolarados nos dias chuvosos
a correr pela chuva até cair de boca
no chão a voltar à casa a sangrar a
levar bronca da mãe que não
suportava todo sujo de lama a
adentrar pela sala vampiro já fazia
poesia já fazia poema sem saber
que fazia poesia sem saber que
fazia poema porém me deslumbrava
com rio que passava atrás das casas
as coisas que desciam em direção
ao rio era um rio que mais parecia
um esgoto mas ninguém queria
saber de nada só de nadar todo
mundo se jogava era o rio da
meninada ninguém tomava
seguíamos rio fora até à serraria
brincávamos na montanha de pó
de serra na duna que já tinha sido
árvores não tínhamos noção razão
consciência éramos meninos girinos
apenas não queríamos saber de mais
nada até chegava pai até chegava
mãe mandava a meninada à casa
a fazer os deveres de casa a tomar
banho a escovar os dentes a comer
alguma coisa que menino era bicho
do mato quando nem podia lá estava
a fazer poesia a fazer poema ainda
não era nem fernando pessoa
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