A função do amor é fabricar desconhecimento 
(O conhecido não tem desejo; mas todo o amor é desejar) 
Embora se viva às avessas, o idêntico sufoque o uno 
A verdade se confunda com o facto, os peixes se gabem de pescar
 
E os homens sejam apanhados pelos vermes (o amor pode não se importar
Se o tempo troteia, a luz declina, os limites vergam 
Nem se maravilhar se um pensamento pesa como uma estrela 
  — O medo tem morte menor; e viverá menos quando a morte acabar) 
Que afortunados são os amantes (cujos seres se submetem 
Ao que esteja para ser descoberto) 
Cujo ignorante cada respirar se atreve a esconder 
Mais do que a mais fabulosa sabedoria teme ver 
(Que riem e choram) que sonham, criam e matam 
Enquanto o todo se move; e cada parte permanece quieta: 
Pode não ser sempre assim; e eu digo 
Que se os teus lábios, que amei, tocarem 
Os de outro, e os teus ternos fortes dedos aprisionarem 
O seu coração, como o meu não há muito tempo;
Se no rosto de outro o teu doce cabelo repousar 
Naquele silêncio que conheço, ou naquelas 
Grandiosas contorcidas palavras que, dizendo demasiado, 
Permanecem desamparadamente diante do espírito ausente; 
Se assim for, eu digo se assim for — 
Tu do meu coração, manda-me um recado; 
Para que possa ir até ele, e tomar as suas mãos, 
Dizendo, aceita toda a felicidade de mim. 
E então voltarei o rosto, e ouvirei um pássaro 
Cantar terrivelmente longe nas terras perdidas. 
 
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