Eu voltava cansado como um rio. 
No Sumaré altíssimo pulsava
A torre da tevê, tristonha, flava. 
Não: voltava humilhado como um tio
Bêbado chega à casa de um sobrinho. 
Pela ravina, lento, lentamente,
Feria-se o luar, num desalinho
De prata sobre a Gávea de meus dias. 
Os cães quedaram quietos bruscamente. 
Foi no tempo dos bondes: vi um deles
Raiar pelo Bar Vinte, borboleta
Flamante, touro rútilo, cometa
Que se atrasa no cosmo e desespera:
Negra, na jaula em fuga, uma pantera.
Passei a mão nos olhos: suntuosa,
Negra, na jaula em fuga, ia uma rosa.
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