De mim
Não falta mais nada
À minha vida
De ruim
Tudo que tinha de acontecer
Já me aconteceu
Não tenho mais nada
A esperar daqui
Milagre não vai acontecer
O errado sou que
Não tenho autoridade
Não tenho autonomia
Nem personalidade
O culpado sou que
O que dei a corda
A pilha e o alimento
O que aguei
O que plantei
Sou o que vou colher
Só que os frutos são podres
São estragados inúteis
São frutos nocivos à humanidade
Tenho até vergonha de os olhar
Tenho até nojo de os colher
São putrefatos bichados
Que mais poderia me acontecer?
As trevas são eternas
Os abismos intransponíveis
Os precipícios irracionais
Já não suporto mais
Quero sair pela porta
Descer o degrau da degradação
Cortar meus troncos raízes
Esconder-me no sótão
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