terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Confesso que falta-me encerebração pois penso que não tenho; BH, 040902002; Publicado: BH, 0601202011.

Confesso que falta-me encerebração pois penso que não tenho
Desenvolvimento intelectual modo de pensar nem orientação
Preciso urgentemente de encerebrar algo meter no cérebro
Alguma coisa qualquer decorar umas frases de efeito fixar
Uma boa ideia aprender pelo menos um passo de formiga
Preciso enchouriçar um ar de inteligente de esperto dar a
Configuração de chouriço à minha parca nula sabedoria
Quem me dera um dia poder engrossar de conhecimento
Receber um reconhecimento por isto não aguento mais
Ocultar-me recolher-me em choça encurralar-me dentro
De mim mesmo não quero mais enchoçar meu espírito
Depois de me enchiqueirar todo dentro de mim não posso
Encerrar meu ser num vil chiqueiro pois meu ente não
Suporta tanto massacre enchiqueirador basta de relho na
Alma chicote látego guasca não serão mais tortura para
Mim meu cérebro andará agora sempre ocupado estarei
Com o crânio enchido como um embutido o chumaço
Cheio de ideias tal uma almofada suave ou uma carne
Ensacada para consumo estarei pleno farto sem usar
Enchedeira nem o pequeno funil por onde se mete a
Massa ao fazer chouriços livrarei-me sempre agora
De enchavetar preconceitos sórdidos de encharolar os
Santos profanos de despir os do andor que a igreja veio
Pôr em charola om seus milagres que geram miragens
Que se transformam em cifras nas contas gordas dos
Gordos guardiães da nossa ética religiosa dei uma
Pequena pausa neste manuscrito para ler o Cheiro de
Deus de Roberto Drummond reler Dom Quixote de
Miguel de Cervantes é que um amigo com a promessa
De eu devolver urgentemente emprestou-me o livro de
Roberto Drummond confesso sim que surpreendeu-me
O livro deixou o Roberto Drummond à altura do Prêmio
Nobel de Literatura simplesmente fantástico cheio de
Surpresas de histórias surpreendentes não adianta querer
Esparramar aqui elogios nem entornar palavras é ler não
Vale esparrinhar verbetes ou esparramar linguagens em
Volta a benefícios do livro cabeis a vós lê-lo a tirar as
Próprias conclusões se estiver errado perdoeis-me não
Quero esparrame de leitores nem espalhamento ou
Debandada quero todo mundo a ler o livro de Roberto
Drummond não quero dispersão quero agitação cultural
Rixa intelectual ostentação de sabedoria barulho de
Conhecimento sem estardalhaço se é para viver achatado
Pela televisão mal assentado num meio desalinhado com a
Linha do raciocínio o que é perfeito estará sempre disperso
O que é bom estará sempre espalhado não se saberá quem
Esparramou a falsa informação ou deixou esparramado o
Conceito errado de que o certo é falar a mentira abominar
A verdade ainda continua espantador é o medo da liberdade
Assustador a covardia amedrontador a falta de ousadia
Rebeldia indignação sou mesmo gostaria de parar de
Espantar-me prefiro assustar-me engolir sapo amedrontar-me
A maravilhar-me com uma ação de cidadania de soberania
Que a burguesia oferece de esmola confesso que sou espantoso
Assombroso monstruoso por qualquer manifestação de poder
Da elite não penso que seja nem extraordinário nem maravilhoso
O brilho opaco da esnobe burguesia quero mais é espapaçar é
Dar a forma de papa amolecer a falsa fortaleza onde se escondem
O poder só faz tornar o homem insípido desenxabido
Mais mole do que firme desengonçado como a mentira

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