sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Patagônia, 927, 25; BH, 0801202011; Publicado: BH, 0901202011.

Meu pai está ao pé da minha cama a velar
Toda noite pergunta se não estou com medo
Como que um filho pode ter medo dum pai?
Está sempre ao pé de mim às vezes a sorrir
Às vezes a observar com o mesmo olhar com
Que me espreitava detrás das grades de
Entrada da porta da cadeia onde esteve preso
Ia levar-lhe o almoço hoje é um gigante
Adormecido nalguma montanha uma raiz de
Planta um fundo de mar uma semente um gomo
Já Steve Jobs até agora, não apareceu
Também não tinha muita afinidade com
Ele ou melhor nenhuma afinidade muito
Embora nunca ter olhado nos fundos dos
Olhos do meu pai penso que eram profundos
Escuros obscuros secretos abstratos talvez
Por mais que tentasse olhar não atingiria os
Mistérios das cavernas dos olhos do meu pai
Embaçadas nevoentas opacas de olhos
De profundezas de abismos de oceanos
Onde pouca luz chega ou muitas luzes
Como luz nenhuma meu pai parece sempre
A querer me dizer algo que não me
Disse em vida só peço que não me fale
Em inglês como gostava de falar meu pai
Era um bom sujeito à maneira dele de ser pai
De ser sujeito continua a velar meu sono
Meus velhos sonhos meu velho meu pai

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