Nada desperta em mim
Nasci adormecido atormentado em pesadelos
Não sonho sonâmbulo a perambular
Madrugadas de vadiagem em vadiagem
Vadio de geração em geração não acordo
Como queria um poeta com medo de morrer
Se fosse por vontade própria semelhante
Já teria despertado muitos gritam à beira do
Meu sepulcro desperta para uma vida melhor
Desperta póstumo quem dorme muito pouco
Aprende a lenha verde mal se acende
Continuava a dormir desesperadamente
Sempre sem válvula de escape sem saída
De emergência sem cano de descarga com
Canos silenciosos entupidos o despertador
Não tocava para mim nas horas certas
Os apitos da fábricas dos alarmes das
Marias fumaças estavam todos atrasados
Quem foi velado em velório teve marcada a
Missa de sétimo dia enterrado em cova
Rasa como se estivesse morrido de verdade
Alguém que percebeu a tempo disse esse
Cadáver está vivo esse defunto não está
Morto só está a dormir profundamente
Como se estivesse anestesiado para uma
Eutanásia ou em coma alcoólico por excesso
De aguardente de cana se sonhasse meu sonho
Seria despertar para as coisas das gentes
Energizado adrenalinado testosteronado
Igual a um adolescente apaixonado não
Um velho dorminhoco inhacado que quem
Fica perto é incomodado pelos maus humores
Expelidos ou pelos roncos cavernosos que mais
Parecem uivos de feras bestas envelhecidas
Ao serem devoradas vivas por antigas presas
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