Quem quererá ouvir-me dizer que sou harmônico?
Que importância há nisso?
Ser o que condiz com todas as letras palavras
A um companheiro de estudo ou de colégio
A um discípulo que importância há nisso?
Alguém quererá saber sobre o condimento humano?
Sobre aquilo que serve para temperar a vida
Igual ao tempero dos alimentos?
O que serve para condimentar?
Quem quererá saber do condimentício?
Insisto que importância há nisso?
Que importância há na condimentação das coisas?
Não sou condigno
Não sou merecido
Nem sou proporcional ao mérito
Não posso tornar nada condicional
Impor algo como condição regular estabelecer
Seja lá o que for
Não quero saber de nada que seja condicional
Que tenha estado
Que tenha qualidade
Que dependa duma condicionalidade dum tempo verbal
Dum hoje dum denominado futuro
Dum pretérito relativo à ação que para se realizar
Encerra uma determinada obrigação
Não tenho uma cláusula
Não tenho distinção nem situação
Não tenho maneira de ser
Caráter e gênio não tenho circunstância
Nem classe social o que importa o condicente?
Estou mais para a brisa fresca para o sereno
Para o orvalho para o vento
Do que para o condicionador
Do que para o que condiciona
O aparelho de ar condicionado
Pois não quero transigir
Não quero ceder voluntariamente
Não quero anuir à vontade alheia
Condescender com a burguesia
Com a elite não tenho condescendência
Nem sou condescendente com ninguém
Que importância tem isso tudo?
Se meu ser é assim não condensável
O problema é meu se sou assim de engrossar
O problema é meu se torno-me denso e resistente
O problema é meu para resumir
Para concentrar-me mais
O que importa ao mundo se a minh'alma
Só sabe condensar meu espírito?
Sem um foco de luz
Sem um sistema de lentes convergentes?
Não sou um instrumento de carga elétrica
Um aparelho para fazer um corpo passar
Do estado gasoso ao líquido
Que importância tem isso?
Não sou condensador morro
Não tenho passagem e nem corpo
Nem condensação morro
Não tenho propriedade
Nem condensabilidade morro
Sou condenável mereço condenação
Pois sou reprovável
Meus feitos foram condenatórios aguardo
No corredor da morte
A hora da minha execução
Que importância tem para o mundo o ato
De condenar-me?
De sujeitar-me obrigar-me censurar-me?
Podem culpar-me
Dar todas as provas contra mim
Podem reprovar-me
Declarar-me culpado
Proferir a sentença condenar-me à morte
Que falta faço ao meu condenador?
Que importância tenho diante daquele que condena-me?
Não censuram o meu carrasco na condenatória,
Descubram-lhe o rosto deixem-me agraciar
Condecorar até distinguir com condecoração
Com a insígnia honorífica com o título de conde
De nobreza superior de visconde e marquês
Àquele que acionará a alavanca da vil
Guilhotina que decapitará meu cadáver
Pois no meu pretenso poder de fazer o bem o mal
A minha faculdade é a do mal
Não tenho o dom do bem
O condão de ser bom a dignidade
Desde a antiga jurisdição território de condado
Mereço ouvir o martelar do juízo final
Mereço ouvir o bater do sino a anunciar o meu enterro
No som que vem abalar o meu espírito
Que vem fazer-me tremer de susto
Ao concutir em mim a ordem da execução
Fui concussionário
E exerci a prática da concussão
Pratiquei o crime próprio de funcionário público
Que consiste na extorsão de dinheiro
De valor na imposição cobrança ilegal
Indevida de contribuição
Ao servir-me do meu cargo
É um choque violento para a sociedade
É um abalo para que todo aquele que crê que
Pode cometer um delito não ser julgado
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