Por minha mãe
Não tenho a quem apelar
Coisas que nunca vi
Hoje vejo sem parar
Nunca a tinha visto chorar
Agora chora a toda hora
Chora de medo de insegurança
Tem medo de cair
Pede para segurar-lhe as mãos
Cisma que querem levá-la
Que vêm buscá-la
Pede para não deixar levá-la
De jeito nenhum
Chora pelos filhos
Fala os nomes dos filhos
Pergunta por cada um
Mas quem gosta de visitar velhos?
Dou graças a Deus
Porque atravessava a cidade toda
Para ter com a minha avó
Era uma felicidade
Tanto dela
Do meu avô
Quanto minha
A verdade
É que mesmo com o Estatuto dos Idosos
Garantias de direitos
É que ninguém quer saber dos velhos
Nem filhos nem netos nada
Damos mal-mal uma satisfaçãozinha
Logo-logo arribamos;
Fugimos da presença dos velhos
Sem um único remorso
Gostaria de ter a quem apelar
Por minha mãe
Diminuir a tristeza dela minha
Amainar o sofrimento
Levar um pouco de alegria
Para ter pelo menos uma compensação
No futuro quando chegar meu dia
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