Há quanto tempo não escrevo um soneto
Mas não importa: escrevo este agora.
Sonetos são infância, e, nesta hora,
A minha infância é só um ponto preto.
Que num imóbil e fútil trajecto
Do comboio que sou me deita fora.
E o soneto é como alguém, que mora
Há dois dias em tudo que projecto.
Graças a Deus, ainda sei que há
Catorze linhas a cumprir, iguais
Para a gente saber onde é que está.
Mas onde a gente está, ou eu, não sei,
Não quero saber mais do que mais
E berdamerda para o que saberei.
Nenhum comentário:
Postar um comentário