Gosto de ficar a fuçar as entranhas
Das letras, e cada letra tem seu
Mistério, e quanto mais se mete
A fuça no fundo de uma letra,
Mais palavras são encontradas;
É como se fosse um baú cheio
De tesouro muito bem escondido,
E o mapa que leva ao caminho
Certo de onde se encontra a arca,
É a cimeira onde as letras
Ficam aglomeradas, na base
Confusa das palavras; e o que mais
Intriga-me, é que nunca consigo
Pronunciar a palavra certa, formada
Com as letras certas, na hora certa;
E penso que ai daquele que
Não tiver na boca a palavra
Certa, formada com as letras
Certas, e para ser pronunciada
Na hora certa; com certeza será
Condenado na primeira instância,
Sem apelação e não caberá nem
Recurso; eu busco essa chave calado,
E não abro a boca nem na calada da
Noite; não tenho o o dom de abrir
Esse cofre ou mover essa alavanca,
Sem causar intriga entre as formigas,
Conflito entre os cabritos, pitacos entre
Os macacos; mas vou meter as caras
Nas paródias, falar telepaticamente,
Pois é perigoso abrir a boca, e
Soltar a língua nos recantos,
Gera tanto desencanto e desilusão,
Que a vontade é lamentar,
Não ter nascido mudo; eu só
Lamento não ter aprendido a
Falar; a ser mudo não reclamo
Muito não, é até um benefício,
O pior é não saber cantar uma canção.
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