Qual é o abraço mais bonito, ou
O aperto de mão mais carinhoso, ou
O gesto mais terno, ou o jeito mais
Afetuoso? qual é meu irmão, o ato
Mais amoroso? um dia, num era
Uma vez, de uma das estórias que
A minha avó contava, eu gostaria
De saber, qual a coisa mais importante,
Que a gente tem de saber? minha
Avó sabia, e eu não sei de nada:
Nem rezar para melancolia; qual
É o olhar, em que a gente poderia
Dizer, mas que olhar, me fez flutuar,
Deixou-me com vontade de chorar?
E quem olha no olhar de quem,
Nas vistas de quem? quem olha
No olhar de quem? mas não é
De soslaio, não é de banda ou
Enviesado; é o olhar de frente,
O cara a cara, franco e sem
Nódoa, sem visgo ou cisco, é
O olhar transparente, de gente para
Gente, e não de bicho para bicho,
De fera para fera; confesso: nunca
Olhei nos olhos dos meus pais;
Quem aí já olhou no fundo
Dos olhos dos pais? eu nunca olhei,
Meu pai já morreu e eu nunca
O encarei; assim, como dizem, olhos
Nos olhos, feito dois apaixonados;
Minha mãe também não; mas
São tantos pares de olhos, são
Tantos olhos mais clarificados,
Quem teria se importado,
Em fitar meus olhos? olhos de
Chorão, de quem derrama
Lágrimas por qualquer
Drama? qual é o final mais
Emocionante, feliz de uma vida,
Breve como uma brisa?
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