Estou muito longe e muito distante
E toda vez que tento chegar
Mais perto, a distância aumenta e vou
Cada vez para mais longe, e percorro
O infinito a pé, caminho equilibrado
Na linha do horizonte, descalço, e
Quando as paralelas se encontrarem,
Estarei presente, mesmo neste meu
Andar de lesma, de tartaruga sem
Pressa ao voltar para casa, e de cágado
E jabuti; estou muito longe do vento,
E não posso dançar;
E a luz corre mais do que eu,
E não a posso alcançar,
Seus raios são flechas que ferem
Minhas trevas, e pedras que quebram
As vidraças das minhas janelas, e as
Cores dos vitrais das igrejas; e eu nem
Sabia, numa gota d'água, escondia
Tanta demasia; posso tirar um arco-íris
Do tamanho do universo, e só agora,
No fim da vida , que eu fui perceber,
Uma gota d'água numa folha verde,
Da minha taiobeira besta, que até
Parece não representar nada, lá no
Fundo do quintal, mas ela como
Eu, não tem noção da sua dimensão;
Estou lento e não reclamo; não luz,
Não te acompanharei, não tenho fôlego,
Tu és muito devassa, galopeias teus
Cavalos embalados pelos ventos, e
Teus pés não tocam os chãos; os meus
Estão fincados na terra, mas não
É qualquer terra, é uma terra
Propícia à raízes, e vou deixar
Pelas estradas pegadas fincadas
De sementes levadas pelo vento, e
Iluminadas por tu, luz, que darás
Luz a meus filhotes, à minhas crias;
Criatura abençoada, mãe natural,
Um dia dormirei em teus braços,
A sonhar com teus ternos abraços.
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