Estou num curral
Acabanado cabisbaixo
Animal bovino
Chifres inclinados para baixo
Orelhas caídas
Taciturno tristonho
Sorumbático meditabundo
Até o meu chapéu
Tem as abas caídas
Meu jeito acaboclado
Minha origem cabocla
Tudo em mim se assemelha a caboclo
Rústico indivíduo acabrunhado
Com as orelhas afastadas do crânio
Feito um bicho qualquer desconhecido
Tomei todas as cores
Adquiri todos os modos
Ao me acaboclar por completo
Um brasileiro feito de terra
De sertão de areia de seca
Este meu ser acabrunhador
Não me abate
Não me humilha
Pois antes de tudo
Sou um forte
Tenho o aspecto acabrunhante
Todo o meu acabrunhamento
Faz-me causar opressão
Faz-me oprimir-me
Afligir-me desanimar-me
Mas não desisto insisto
Tenho de penar-me de acabrunhar-me
O sertão é o meu lugar
Grandes homens são de lá
Padre Cícero Lampião
Antônio Conselheiro violeiros
Repentistas sertanejos sertanistas
Não preciso me acaçapar
Reduzir as minhas proporções
Virar caçapo
Achatar minha personalidade
Esconder meu caráter
Agachar-me de medo
Encolher-me a qualquer grito
Quem enfrenta a seca sobrevive
Tem é que ser respeitado
Tem é que ser temido
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