Fui para uma fazenda de mato verde
Rio cheio de acari
Peixe de água doce
As árvores cheias de macacos
Parecia até a Amazônia
Andei tanto pelo mato
Que adquiri uma acaríase
Sarna da pior espécie
Que coçava sem parar
O mato acariciador
Até me enganou
Encheu-me de carrapatos
Com seu jeito acariciante
As folhas faziam carícias
As flores me alisavam a pele
Roçava levemente nos caules
Como se fosse numa mulher
Alimentava minhas ideias
Com fantasias sentimentais
E exercia meus projetos
No meio do mato mesmo
Era só acariciar ser acariciativo
Fazer bastante carinho
Tratar com carinho
Afagar até despertar
Acarinhar infinitamente
Sentir a pele da gente
Se enrugar de arrepios
Sentir calafrios
No calor da luz do dia
Já estava aborrecido
Com os acarinos do meu apartamento
Do meu tapete e cortina
E não tem nada
Que repila esta ordem de aracnídeo
Que tem o cefalotórax fundido ao abdome
O nome é ácaro
Na maioria microscópio
Se alimentam de nossa pele
Fugi para a fazenda
Peguei uma sarna
Fico em casa
Convivo com os ácaros
Se tenho-te
Convivo com os beijos frios
Com o teu falso amor
Nenhum comentário:
Postar um comentário