sábado, 30 de março de 2019

Mário Quintana, A casa fantasma; BH, 080202011.

A casa está morta?
Não: a casa é um fantasma,
Um fantasma que sonha
Com a sua porta de pesada aldrava,
Com os seus intermináveis corredores
Que saíam a explorar no escuro os mistérios da noite
E que as luas, por vezes,
Enchiam de um lívido assombro...
Sim!
Agora
A casa está sonhando
Com o seu pátio de meninos pássaros
A casa escuta... 
Meus Deus! a casa está louca, ela não sabe
Que em seu lugar se ergue um monstro de cimento e aço:
Há sempre uma cidade dentro de outra
E esse eterno desentendido entre o 
Espaço e o 
Tempo.
Casa que teimas em existir
 - A coitadinha da velha casa!
Eu também não consegui nunca afugentar meus pássaros...

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