Sou uma acarpo
Uma árvore que não dá fruto
A árvore que não dá fruto
Tem que ser cortada
Lançada ao fogo
Nem para carvão
Minha madeira serve
Faça um acarretamento
De todas as árvores do meu tipo
Transporte as toras
Em carros ou carretas
Conduzi-las em trens
Acarretar as lenhas
Para ver se salva alguma coisa
Que resta de mim
Se o meu corte
Ocasionar algum movimento
Causar alguma onda
Em defesa das árvores
Diga que não era árvore
Que era uma acarpo
Que não servia para nada
Nem para fogo
Só para fumaça
A minha lenha não paga nem o carreto
Em meus galhos
As aves não faziam acasalamento
À minha sombra
Ninguém vinha acasalar
Juntar um casal
Um mach uma fêmea
De qualquer espécie de ser
Para uma criação
Para uma reunião
Uma mistura qualquer
Para emparelhar num acaso
No meu tronco
Não tinha casualidade
Não tinha acontecimento
Imprevisto sorte
Fantasia por ventura
Até o meu verde
Não parecia verde
Era um acastanhar
Que ninguém acreditava
Que era duma árvore
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