Necessito dum ato de entrever que satisfaça-me
E uma entrevisão com que me permaneça alerta,
Para que eu possa evitar a vinda repentina, inesperada
Do mal; uma visão que enxergue a entrevinda e
Que tenha o olhar de quem ver de tempos a
Tempos, o que está claro e o que está oculto;
Quero pressentir o que está detrás do ocultismo;
Não pretendo distinguir mal e nem ver confusamente;
Anseio só livrar este incauto de cobrir-se de trevas e
Que o ignorante venha tornar-se tolhido de
Movimentos, ao entrevar-se, devido ao peso
Da própria ignorância; almejo poder, para dar
Pernas ao paralítico; fazer andar o entrevado,
Com um simples gesto de amor; será que levo
Jeito para desobstruir a entrevação do coração do
Homem? sinto que só em pensar assim, venho causar
Ligeira pertubação no meu espírito; a vontade
É tão cheia de angústia e agonia, que chega
Até entreturbar minha alma; já não tenho
Mais calma para entretenimento, não tenho mais
A serenidade para entretimento do meu ser; não
Sei mais como ocupar-me com a tranquilidade;
A paz é o único divertir que eu busco; tenho medo
De distrair meu olhar do azul do céu; não sei
Como fazer para manter minha face voltada para
O firmamento; minha covardia não pode deter
Meu rosto, preciso deste passatempo; é o único
Divertimento no qual pretendo entreter a razão;
Se por acaso continuar este entorpecimento contínuo,
Não sei o que farei se morrer; a falta de ação é
Pior do que a morte; o torpor é o enterro, é a
Entorse, a distensão súbita e violenta dos ligamentos
De uma articulação; e esta articulação sou eu, que
Não aprendi a evitar este entortar eterno; o eternizar
Tornar torto; o empenar que emperra a engrenagem,
Faz curvar as costas e desde a entrada espalha
A devastação; ao entrar, já olho-me no espelho
E estou devastado; é impossível a introdução
Da luz dentro de mim; não tenho abertura
Para minha liberdade e caí no início da minha
Caminhada; valho menos do que a importância
Paga inicialmente em compra a crédito e
Trago o vazio do lado de dentro, e não na parte
Da cabeça, por cima das fontes, destituida de
Cabelo; quem irá pagar o bilhete de acesso a estes espetáculos
Mentais? antigamente, tinha a expedição que na época
Colonial, entrava pelo interior do Brasil, para fazer as
Tais explorações; hoje, qual é o entra-e-sai do homem?
A personalidade é como uma movimentação contínua,
De entrada e saída de pessoas, seres, entes, espíritos,
Fantasmas, vultos, sombras, silhuetas, almas, numes, e tudo
Mais que vem entrançado, no entrelaçamento do cordão
Umbilical, o entrançamento do áquem no além, no
Limbo onde o suspiro fica preso ao entrançar; o respiro
É da forma de uma trança, o entrelaçar da vida com a
Morte, cujas entrância e classificação das circunscrições
Indiciárias, segundo as atribuições legais de cada uma,
Conseguem separar da entranha ou de qualquer víscera
Do abdome ou tórax, do ventre materno, e das partes internas
E profundas, que desconhecemos, por mais sábios que sejamos;
Necessito entranhar, cravar profundamente uma cunha
Nesta unha de terra; arraigar fora desta lama; e
Embrenhar na claridade e florescer, ao passar o bem
De fora para dentro, introduzir algo bom, que venha
Transpor o abismo e fazer parte junto com aqueles que
Querem compartilhar a felicidade; o triste será se
Entravar o projeto; se a guerra impedir e o ódio
Obstruir; a tristeza, será o entrave causado pela ira;
O travão do rancor, a trave no olho, o obstáculo que
Não deixa a gente enxergar....
(Hoje, domingo de carnaval, enquanto posto estas linhas,
a televisão está desligada, e na cama, atrás de mim,
minha filha de 17 anos, Yaznayah, ler "Os Sertões";
acreditem se quiser.)
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