Quando penso no enquadramento de minha mente nas mulheres, as que pego em referências, as
Que quero enquadrar no pensamento, e enredar na
Memória, enrolar cada vez mais na lembrança,
Sem me tornar confuso e nem me deixar converter
Pelos novelos das novelas; são as que vão de Ana Frank e as
Histórias do diário dela, a passar por Olga Benário, Billy
Hollyday, e ainda chegar em Wine Mandela; quando
Falo em mulheres, as que quero enovelar, sem
Gravidade de crime ou falta, sem esquecer algum
Nome, começo por Cecília Meirelles, Clarice Lispector,
Elizabeth Bishop e alguma outra que esqueci, devido
A minha irregularidade; é com excesso
De proporções e anormalidade de desmedido, o que
Gostaria de apresentar; porém, meu cérebro é pequeno,
Não é extraordinário e de coisa muito grande,
E não posso lembrar; é enorme a admiração por
Cássia Eller e por todas as negras arrebatadas da África
Mãe, para serem vendidas como escravas nos além mares;
Não sou conhecedor de todas as mulheres meretrizes, prostitutas,
Escravas do sexo, igual um aquele que é versado
Em enologia, o enologista que conhece profundamente,
O estudo dos vinhos; pois sei que todos os problemas,
Violências, injustiças, praticadas contra as mulheres,
Índias, faveladas, camponesas, não alcanço nem um
Por cento no saber de tudo que elas sofreram, sofrem e
Sofrerão, se não fizermos nada; meu estado é de
Luto, enjoo, nojo, enojo; minha sorte é que sem enfadar-me,
Posso ouvir Clementina de Jesus, Dª Ivone Lara e
Clara Nunes; o cantar de Nara Leão, nunca irá
Nausear-me; quem irá enojar-se de Elis e
Dolores Duran? Maysa Matarrazo? enjoadiço é o estado
Das mulheres refugiadas; é o de escurecer a vida das
Flageladas; ao anoitecer o sofrimento aumenta
Dentro das almas delas e o anoitecer é eterno; quando
Converso sobre mulheres, não é para desonrar, ou
Difamar seus direitos, ou pôr nódoas nas suas
Pessoas, ou enodar sem distinção o sexo feminino, e
Meu intuito é enobrecer, usar de enobrecimento ao
Lembrar os nomes das vanguardistas; das mártires,
Das heroínas; eu quero é dignificar as sofredoras;
Nobilitar as donas-de-casa anônimas; se este poema
Homenagem servir para tornar as que estão encarceradas,
Nos asilos, e nos hospícios, peço a Deus para enobrecer
Assim cada vez mais, o espírito destes seres que
Muitas vezes são mães, irmãs, filhas, tias, sobrinhas,
Amigas, companheiras, primas, esposas, para elas todo
Engrandecimento do homem humano ente imperfeito;
Para elas não deixarei de engrandecer os seus feitos;
Quero só ilustrar as passagens; elevar para elas os olhos
De admiração, exaltar os nove meses de gestação;
Elogiar a amamentação; tornar grande o ato de
Amor; e engrandecer a criação; a mulher é a única
Engrenagem do mundo; é o único encadeamento,
Como o de peças dentadas que transmite movimento
E força aos maquinismos; é o engrenar da organização,
Um perfeito endentar, um entrosar para a salvação,
E assim, quando neste fim, eu penso nas minhas
Mulheres cá comigo, são estas que não me deixam
Sozinho; sonho com Indira Gandhi, sonho com
Golda Meyr e todas essas meninas que lutaram
Pelas liberdades, pelas emancipações, tiveram os clitóris
Arrancados e padeceram em nome dos preconceitos
E das religiões; perdoem-me, se deixei alguma de fora
Deste canto; mas quero guardá-las todas nesta canção...
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