terça-feira, 14 de julho de 2015

Patagônia, 927, 35; BH, 040102012; Publicado: BH, 0140702015.

É preciso reconhecer a si próprio às pessoas
Quero reconhecer-me a reconhecer às pessoas
Que num mínimo colaboraram comigo como
Um irmão que ajudou-me ou uma irmã que
Deu-me a mão tenho que reconhecer antes de
Mim como reconhecer o pai que lançou o
Esperma no óvulo fez com que estivesse
Aqui agora a escrever estas linhas ou a mãe
Que gestou-me gerou-me no seu ventre
Deu-me à luz para que me veja refletido nesses
Vidros apesar da penumbra da madrugada a
Envolver-me é preciso reconhecer não
Desprezar a quem nos reconheceu ou deu uma
Esmola ou um pedaço de pão ou uma roupa
Velha usada ou uma moeda a melhor maneira
Da paga é o reconhecimento não quero perder
Este dom que tenho dentro de mim apesar de
Ser um pote vazio de mel um firmamento sem
Céu uma fonte sem água um poço sem desejo
Jogam moedas em mim como se fosse um Judas
Firmam-se em ideias ideais noções não
Realizo nada apostam perdem sempre comigo
Por isso é que preciso reconhecer a esses
Teimosos literalmente literariamente é
O que faço agora ao mostrar este rosto
Enrugado encovado sem um sinal de simpatia
É esta máscara que preciso arrancar deixar
Só a carne viva para a pública apreciação

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