segunda-feira, 13 de julho de 2015

Sempre Vivas, 181, 5; CONT, 0220302012; Publicado: BH, 0130702015.

Querem de mim o que não quero de mim
Querem-me vivo como se pudessem
Querer o impossível querem de mim tudo
Se sou nada, como podem querer tanto?
Querem-me homem se nem espectro sou
Querem de mim luz se vivo nas trevas
Como um deus das trevas audácia muita
Audácia quererem de quem não quer o
Que quero? perguntam não esperam as
Respostas vão logo querer por mim se
Não os quero como posso querê-los?
Só quero o que não querem torturam-me
Para que seja um deus normal quero
Ser diferente bem anormal ansioso pelo
Universo angustiado pelo infinito louco
Pela eternidade querem-me até religioso
Logo sou o que quero acabar com a religião
Pois não admito concorrência quantas
Nuvens sombras terei que jogar em cima
Deles? quantas descargas elétricas?
Quantos raios que os partam? querem-me
Vestido se quero andar nu querem-me
Saciado se quero ser insaciável quero
Sentir fome muita fome não quero de
Comer nada do de comer deles nem de
Beber nada do de beber deles só sentir
Sede muita sede só sentir fome muita fome
De ficar eternamente insatisfeito

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