terça-feira, 30 de outubro de 2018

Tudo acabou que acabei; NL, 0110202010; Publicado; BH, 090502010.

Tudo acabou que acabei
As cinzas o vento levou para
Bem longe de mim apenas as sombras
Aprisionadas nas pedras dos rochedos
As gotas de suor absorvidas pelas
Pedreiras as marcas dos meus pés
Nas pradarias das encostas que eu
Via os outeiros os musgos as folhagens
Meus sonhos dissiparam-se não criaram
Raízes nas hortas minhas hortaliças
Não alimentaram bocas famintas
Os lobos que se escondiam nas estepes
Queriam minhas carnes as hienas
Riam para mim de olhos em minhas
Carniças quebrar meus ossos com os
Dentes os leõezinhos morriam de fome
Eu chorava sempre fui chorão
Sempre soube chorar rir me
Deixava meio desconfiado com
Cara de histrião ria amarelo
Longe da graça quem achava graça
Do que eu achava? ria um riso
Que espantava os morcegos os
Orelhudos captavam o ciciar do meu
Sorriso revoavam em bandos
Ao redor de mim tal como se
Estivessem em macabro festim
Índios curandeiros bebiam cauim
Xamãs incorporados espetavam vudus
Pajés falavam mantras em aramaico
Pretos velhos cachimbavam atabaques
Soavam a África inteira batucava
Dentro de mim eram escravos a arrastar
Correntes pelourinhos ensanguentados
Escravas estupradas no pisador
Sangue misturado ao suor
Este é todo o tempero da minha dor

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