segunda-feira, 7 de março de 2011

Vinicius de Moraes, Soneto de Carnaval; BH, 070302011.

Distante o meu amor, se me afigura
O amor como um patético tormento
Pensar nele é morrer de desventura
Não pensar é matar meu pensamento.

Seu mais doce desejo se amargura
Todo instante perdido é um sofrimento
Cada beijo lembrado uma tortura
Um ciúme do próprio ciumento

E vivemos partindo, ela de mim
E eu dela, enquanto breves vão se os anos
Para a grande partida que há no fim

De toda a vida e de todo amor humanos
Mas tranquila ela sabe, e eu sei tranquilo
Que se um fica, o outro parte a redimi-lo.

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