segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Alameda das Princesas, 756, 31; BH, 0250802012; Publicado: BH, 0801202014.

De noite no escuro no noturno na madrugada
Quando os olhos não enxergam a alma
Não sente nada o espírito vaga sobre
Os precipícios não há luz só as trevas
Reinam tudo se confunde no abstrato
No concreto no oblíquo os elementos se
Fundem nos organismos nos mecanismos as
Matérias brincam entre si em harmonia
Desfrutam o mesmo sono do silêncio
Compartilham com polissindéticos alucinados
Os poetas saem das tocas taciturnas em busca
De alucinações são ursos pardos são ursos
Polares camelos dromedários tomam o chá
De ayahuasca cantam o Santo Daime entram
Em transe caótico ao rasparem a pele do sapo
Tirarem o gel passarem na própria pele
Espetarem-se com alguma coisa pontiaguda
Cantam desesperados se sou filho de negros
Tenho que ser macumbeiro se sou filhos de
Escravos tenho que ser candongueiro se
Sou filho de bambas tenho que ser batuqueiro
O poeta é um animal noturno morre de dia
Para viver de noite perde-se na boemia de
Bar em bar embriaga-se na poesia cada gole
É um poema bêbado uma canção ébria para
As mulheres apaixonadas cada ode é um
Samba às rodas de malandros terreiros de
Passistas pastoras poeta marginal que
Ignora a religião oficial poeta canibal
Antropófago cultural de antologia mais sem
Igual de mensagem sobrenatural não usa o
Consciente a lucidez o intelecto só usa
Carne osso pele nervo músculos poeta
Maldito maldizente malgrado de toda gente
Por sorte tens a escuridão da noite para
Aconchegar as chagas do teu coração

Nenhum comentário:

Postar um comentário