terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Alameda das Princesas, 756, 77; BH, 0180902012; Publicado: BH, 03001202014.

Que cálice é este que vibra em
Meu peito toda vez que o universo
Pulsa um segundo? que taça é esta
Na qual encosto os lábios traz-me
À boca o amargo do mundo? que vinho
É este que vem misturado com cacos
De vidros que a cortarem-me a língua
Ao beber o vinho no lugar do vinho
Bebo o sangue? que vida é esta na
Minha vida que suga a minha vida
Deixa a minha vida sem vida? que olhar
É esse tão superficial que não sabe
Olhar com o fundo do olhar no fundo
Doutro olhar? que pensamento é este
Que bloqueia qualquer luz impede a
Saída das trevas de dentro do bloco
De concreto? que luz é esta não irradia 
Claridade nem ilumina os caminhos
Nem é lâmpada para os pés nem é
Vaga-lume? que montanha é esta que
Nasce do fundo do mar não chega aos
Céus torre de babel? que destino é este
Que não passa nunca fica para sempre
Que não se equilibra na corda nem no
Raio da circunferência? que água é esta
Que não mata a sede junto com este
Pão que não mata a fome? é a volta que
O universo dá em torno do seu próprio
Eixo é o rastro dos planetas nas
Peregrinações é o lado de dentro que
Está do lado de fora é o lado de fora
Que está do lado de dentro é o que
Não foi não é nem nunca será

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