Daqui não vejo nada nada tenho para ver
Quem é poeta precisa sempre de ver algo
Enxergar alguma coisa num movimento,
Numa impressão quem é poeta precisa
Duma sombra duma rua vazia duma janela
Aberta daqui ilhado não vejo o horizonte
Todo monte fugiu da paisagem apuro os
Sentidos pois poeta se tiver de ter alguma
Coisa tem que ter é sentido apurado apuro
Os sentidos não sinto as vibrações dos
Elementos as moléculas as partículas estão
Todas estacionadas não percebo natureza
Morta que sou aí sobram-me as sôfregas
Letras de quem pede socorro restam-me
As insolúveis palavras de quem é solúvel
Da próxima vez em que estiver aqui quero
Olhar ver quero ver enxergar contar todas
As façanhas que ninguém pode contar
Ao abrir os olhos expressar de olhos
Abertos sou lúcido sim tenho lucidez
Consciência de conscientizado que vive
Sem remorso vive sem arrependimento
Que tem por máxima a mínima de que se é
Para arrepender-se o melhor é não fazer
Agora que tenho rosto nos rostos das
Coisas não preciso mais procurar o meu
Rosto nos rostos das coisas meu rosto
Agora é meu com face semblante sou
Facetado na fonte todo sou meu só olho
Agora as pessoas com o fundo dos meus
Olhos nos fundos dos olhos das pessoas
Daqui então vejo o infinito universo
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