quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Alameda das Princesas, 756, 39; BH, 0270802012; Publicado: BH, 01101202014.

A tarde enche-me de tristeza é que
Sou interiorano daquele provinciano
Que adora uma tarde todo dia
Quando chego à tarde estou longe
Daquela minha tarde que passava
No alpendre ou na varanda da casa
De quando morava no interior na
Cidade grande a tarde não tem graça
É uma tarde sem cor como uma tarde
Qualquer tarde boa era aquela tarde
Com chuva ou não com vento ou
Com sol com cachorro a latir galinha
A cacarejar sabiás rolinhas coleiros
A ciscar pelos quintais a tarde me
Enche de saudade pois tarde igual a
Tarde de antigamente não volta mais
Sumiram-se os besouros as tanajuras
As formigas guerreiras cabeçudas as
Lavadeiras suas roupas estendidas nos
Varais sumiram-se as meninas namoradeiras
As vizinhas faladeiras as brincadeiras no
Entardecer as próprias tardes propícias
Sumiram sem a gente saber porque sem
A gente perceber quando procuramos
Uma causa para a nossa tristeza é que
Descobrimos que falta uma tarde nas
Nossas vidas vivo incompleto então
Desde que meu coração se viu órfão
Duma tarde de outono de inverno primavera
Verão abençoadas saudosas tardes
Nostálgicas as tardes da cidade em que
Nasci no interior do meu estado de Minas
Gerais penso nas venerandas tardes
Brasileiras de todas as casas com varandas
Onde se pode viver no sossego duma paz

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