quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Alameda das Princesas, 756, 68; BH, 080902012; Publicado: BH, 02501202014.

Preponderei-me depois arrependerei-me
De ter feito tudo que fiz inda deste
Jeito é que cheguei à conclusão de que
Não posso curar-me nem sentir-me
Curado não posso sarar-me nem
Sentir-me sarado a poesia quer-me
Doente o poema quer-me ruim do
Pulmão a arte quer-me ruim das vistas
Talvez acreditam que são não terei mais
Motivos de chorar se estiver tudo bem
Comigo mas nunca posso estar bom
Totalmente bem nunca posso sentir-me
Completamente bem sempre um despojo
Meu estará numa encruzilhada como
Despacho sempre alguém usará umas
Gotas de meu sangue para algum pacto
Demoníaco sempre alguém venderá minha
Alma para conseguir algum benefício
Sempre meu espírito estará errante de
Necrotério em necrotério de cemitério em
Cemitério de sepultura em sepultura a
Procurar nos esquifes mais luxuosos nas
Campas tumbas ataúdes mais rasteiros
Um corpo em bom estado de conservação
O meu a matéria deteriorou-se não foi
Digno de sepulcro foi abandonado para
Pasto de abutres urubus corvos outras
Aves de rapina carniceiras cheguei a um
Sarcófago de ouro puro depurado maciço
Jubilei-me aí será a minha eterna morada
Abri o sarcófago mas qual o que lá dentro
Uma múmia velha enfaixada de molambos
Expulsou-me aos gritos de impropérios às
Carreiras assustado a perder ossos pelos
Caminhos preponderei-me nem tudo
Comigo acaba certinho

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