domingo, 31 de julho de 2011

Elegia do amor perdido; RJ, 0260301999; Publicado: BH, 0310702011.

Elegia do amor perdido
Hoje estou muito triste
Não existe motivo para
Continuar a viver hoje
Gostaria de morrer para
Poder chorar a dor do
Meu amor perdido meu
Pranto vai ser infinito
Meu choro vai ser
Ouvido nos quatro
Cantos do mundo a
Tristeza será meu
Consolo minhas
Lágrimas o pão de
Cada dia perdi o meu
Amor me perdi não
Venhais me consolar
Não venhais me dizer
Palavras de apoio
Quereis me ajudar de
Verdade deixeis-me
Morrer ajudeis-me a
Morrer ouçais meu
Lamento minha súplica
De morto pois a partir
De hoje não sou mais
Vivo não respiro mais
Não mais porei fim à
Elegia do amor perdido
À tristeza dentro de mim

Ode visceral, RJ, 0260301999; Publicado: BH, 0310702011.

Este canto sai das minhas entranhas dos
Labirintos das estruturas escondidas lá
No fundo de mim a ode do uivo visceral
Expelido dum organismo de esperança
Das tripas sulfurosas atormentadas por
Fraquezas exteriores este é o canto físico
Da alma o grito rouco do espírito a busca
Do Orfeu à Eurídice nos meandros do
Inferno é a resposta de Dante ao sopro
Gélido de Caronte é o canto do poeta
Que procura a rocha firme da
Sobrevivência o chão da felicidade
Cada pétala de flor cada bater de
Pálpebras cada voar de borboletas
A se transformar em notas musicais
Cada sopro de vento vibrar da brisa
Reverberação do ar como num cântico
Novo no firmamento este canto sou
Sou o cantor poeta regente gerente
Gente da minha garganta flui
Este canto excelente

Preciso de alguém para me alfinetar; BH, 070701999; Publicado: BH, 0310702011.

Preciso de alguém para me alfinetar
Picar meus olhos com alfinete igual
Fazia Santa Luzia nos nossos tempos
De criança quando espiávamos as
Mulheres nuas alguém precisa me
Ferir com as palavras que quero
Ouvir com as palavras que preciso
Ouvir tu precisas me criticar me
Agredir com socos murros me
Mutilar me deformar-me igual aos
Filhos dos vietnamitas que sofreram
Os efeitos do agente laranja jogado
Sobre eles pelos ianques americanos
Na guerra do Vietnam nasceram
Cresceram todos deformados a
Faltar partes pedaços pelos corpos
Franzinos odos mil vezes mutilados
Pegues uma pequena haste delgada
Aguçada numa das extremidades
Terminada por uma cabeça noutra
Para prender tecidos peças de
Vestuário enfies esta haste na minha
Garganta tenho que gritar de dor
Tenho que uivar de dor preciso
Sentir dor ficar indignado com tanta
Injustiça tanta falta de Deus tanta falta
De amor tanta falta de paz preciso me
Sentir envergonhado pagar pelos crimes
Hediondos cometidos pela humanidade
Em nome da humanidade preciso sentir
Vergonha em me olhar no espelho ver que
Sou um representante desta raça humana

Sou um resmungão; RJ, 0150401999; Publicado: BH, 0310702011.

Sou um resmungão
Vivo a resmungar a
Maldizer da vida
Tinha que perder a
Língua cortá-la fora ou
Comê-la aos pedaços
Sou um chorão um
Bebê sem chupeta
De fraldas molhadas
De fundilhos sujos
Sou um dom casmurro
Um enfadonho taciturno
Carrancudo reclamão
Espero tudo cair do céu
A ajuda da nação mão
Faço nada não sei fazer
Nada nem tenho profissão
Quem olha para mim
Vira a cara para o lado
Cospe no chão sou um
Fofoqueiro nato um
Fuxiqueiro-mor falo
Mal de todo mundo
Sem poupar ninguém
Afasto de mim as
Pessoas isolo-me da
Vida Escondo-me nas
Trevas Fujo da luz
Caio todo santo dia
Nos braços da morte

Elegia das violências contra as crianças; RJ, 0260301999; Publicado: BH, 0310702011.

A noite é escura negra a sombra assombra
O tempo sem lua sem estrelas as crianças
Abandonadas sofrem desventuras padecem
Nas mãos de assassinos cruéis em cárceres
Privados acorrentadas às paredes amarradas
Aos muros que nem parece que Jesus foi
Criança também é triste desesperador é
Estarrecedor não podemos permitir que
Meninos meninas sejam tragados assim
Pelas mandíbulas sedentas dos animais
Selvagens das feras famélicas que odeiam
As crianças fico com vergonha das vezes
Nas quais perco a paciência com meus filhos
Perdoa-me Senhor perdoai-me filhos
Perdoai-nos crianças meninas meninos
De todas as partes do mundo que sofreram
Que sofrem que sofrerão todos tipos de
Violências que um dia essas violências
Acabem as crianças sejam mais respeitadas

A alfarroba é o fruto da alfarrobeira; BH, 060701999; Publicado: BH, 0310702011.

A alfarroba é o fruto da alfarrobeira
A alfarrobeira é uma árvore da
Família das leguminosas a
Alfavaca é uma planta labiada do
Gênero ocimum de suave aroma
A alfazema é planta também
Da mesma família que exala forte
Fragrância numa o perfume é suave
Noutra é mais forte o que me faz
Lembrar do alfeloeiro da rua que
Fazia alféloa para vender a massa
De açúcar ou melaço em ponto
Forte usada como confeitaria
Como o açúcar-cande alfênico
O doce feito dessa massa
Muito alva consistente que
Torna as pessoas delicadas
Melindrosas calmas acanhadas
Inebriadas pelos olores odores
Cheiros de dar água na boca
Com o sabor da alféola do
Alfenin me faz sentir um
Alferes do antigo posto militar
Correspondente ao atual
Segundo-tenente recebo logo
Uma alfinetada por minha
Tamanha pretensão querer
Tantos aromas querer tantos
Perfumes querer tantos doces
Querer tantos cargos recebo
Logo outra picada de alfinete
Com uma dor aguda rápida
Recebo logo uma crítica por
Minha ação vem logo uma
Agressão por minha ilusão

Almas mortas; RJ, 0150401999; Publicado: BH, 0310702011.

Almas mortas
Sem plágios sem cópias
Almas mortas
Somos todos almas mortas
Mentes vazias opacas
Cabeças ocas no vácuo
Seres inexpressivos
Somos todos seres inexpressivos
Perdidos sem luz
Sem órbita sem rumo
Sem caminho a seguir
Sem ponte para atravessar
Sem estrada para avançar
Répteis nocivos
Somos todos répteis nocivos
Fazemos mal ao próximo
A nós mesmos
Não nos amamos
Nem nos respeitamos
Temos inveja
Da paz alheia
Não temos felicidade
Não procuramos a felicidade
Ainda acabamos
Com a felicidade do semelhante
Almas mortas
Somos todos almas mortas
Sem direito à ressurreição

Rio Preto; RJ, S/D; Publicado: BH, 0310702011.

"Rio Preto era um negro,
Que não tinha sujeição,
No gritar da liberdade,
O negro deu para valentão."
 
                 X

"A barata diz que tem,
Sete saias de filó,
É mentira da barata,
Ela tem é uma só,
Rá, rá, rá, ró, ró, ró,
Ela tem é uma só."

O importante é saber; RJ, 0270301999; Publicado: BH, 0310702011.

O importante é saber,
Que não posso mesmo
Que algum dia surja
Uma oportunidade o
Importante de tudo,
Sou o saber de que
Não posso não
Quero mais me
Aprofundar no
Mérito da questão
Não posso está
Acabado sei disto
O que é importante
Sou o mesmo
A saber que não
Posso seria uma
Heresia seria um
Pecado capita seria
Uma indignação é
Por isto que tomo
Este exame de
Consciência esta
Tomada de decisão não
Posso não interessa o
Pensamento já bani da
Minha cabeça mente o
Meu espírito está presente,
Em toda esta decisão
Penseis o que quiséreis
Faleis o que quiséreis o
Que não quero pensar
O que não quero falar
Sei direitinho a lição
É tiro e queda
É terra e chão

Ode à Liberdade; RJ, 0280301999; Publicado: BH, 0310702011.

Aonde anda a Liberdade?
Preciso sair do cativeiro
Preciso ser livre me libertar
Não posso perder meu canto
Meu canto de Liberdade de
Amor à vida de simpatia à
Paz aonde anda a Liberdade?
Quebreis meus grilhões
Quebreis minhas algemas
Abrais as portas dos meus
Presídios das minhas
Sepulturas campas
Catacumbas tumbas
Sepulcros covas túmulos
Ar puro para mim
Desenterreis-me logo
Apureis os ouvidos
Ouçais minha ode à
Liberdade ode à
Liberdade ao valor de
Ser livre feliz sadio
Derrubeis os muros
Que querem me sufocar
Derrubeis as paredes
Que querem me esmagar

Em treze anos; RJ, 0150401999; Publicado: BH, 0310702011.

Em treze anos
Acabei com dois bares um na
Rua do Rezende 133A que
Tinha por razão o nome de
Depósito de Doces João de
Deus Ltda que foi batizado
Pelo nome de fantasia de
Baixo Rezende F.C o outro
Que faliu, abandonei foi na
Rua Macapuri no IAPI da
Penha que tinha o nome de
Fantasia de razão Gelo Bar,
Onde permaneci dois anos
Poucos meses agora parto
Em busca dum novo projeto
Sem um centavo no bolso
Sem saber como começar
Para a nova caminhada
Que terei que dar tenho
Que aproveitar as más
Experiências que guardei
Se sobrou alguma para o 
Novo empreendimento
Não deixar mais as coisas
Ruins acontecerem ao ponto
De em treze anos perder
Tudo que consegui

Tenho um sonho abrir uma loja de alfarrábios; BH, 060701999; Publicado; BH, 0310702011.

Tenho um sonho abrir uma loja de alfarrábios
Manuscritos pergaminhos livros antigos
Lidos livros velhos relidos pois ser um
Alfarrabista um vendedor colecionador de
Obras-primas um Mindlin mindinho um
Merlin assim é que  tenho um sonho antigo
Abrir uma loja de livros que também podem
Ser livros novos usados ser um livreiro
Comprador vendedor ledor leitor escritor
Para ver o povo todo com um livro na mão
Como se fosse um pedaço de pão no lugar
Dum celular um livro bom fresco barato
Acessível no lugar dum moderno celular um
Romance eterno uma literatura surrealista
Um clássico da humanidade no lugar dum
Celular de última geração um Machado de
Assis uma Foice de Assis um Guimarães
Rosa um Guimarães Cravo Umberto Eco
Umsom de Gabriel Garcia Marques com
Outros mais que deveriam nos acompanhar
Vinte quatro horas por dia por onde a gente
Fosse como um celular nos acompanha o
Povo precisa de cultura leitura conhecimento
Sabedoria inteligência as únicas maneiras de
Preservar o crescimento do povo brasileiro é
Com a cultura do desenvolvimento intelectual
Tenho um sonho abrir uma loja de alfarrábios

Afonso Romano de Sant'Anna, Chegando em casa; BH, 310702011.

Chegando em casa
Com a alma amarfanhada
E escura
Das refregas burocráticas
Leio sobre a mesa
Um bilhete que dizia:
- Hoje 22 de agosto de 1994
Meu marido perdeu, deste terraço:
Mais um pôr de sol no Dois Irmãos
O canto de um bem-te-vi
E uma orquídea que entardecia
Sobre o mar

sábado, 30 de julho de 2011

Afonso Romano de Sant'Anna, Estão se adiantando; BH, 300702011.

Eles estão se adiantando, os meus amigos.
Sei que é útil a morte alheia
Para quem constrói seu fim.
Mas eles estão indo, apressados,
Deixando filhos, obras, amores inacabados
E revoluções por terminar.
Não era isto o combinado.
Alguns se despedem heróicos,
Outros serenos.
Alguns se rebelam.
O bom seria partir pleno.
O que faço?
Ainda agora
Um apressou seu desenlaçe.
Sigo sem pressa.
A morte
Exige trabalho, trabalho lento
Como quem nasce.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Uma pedra; RJ, 0270301999; Publicado: BH, 0290702011.

Uma pedra
Uma rocha
Um rochedo
Têm mais vida
Do que este ente
Que empunha agora
Está caneta oblíqua
Na débil mão direita
Uma pedra é mais forte
Tem mais consciência
Uma rocha é mais firme
Um rochedo é maior
Então olho o mar
Olho os rios
Olho os oceanos
O mar é mais profundo
O rio é mais largo que
O oceano é mais vida
Réptil vil só sobrevivo
Nas trilhas escaldantes
Das areias dos desertos
Só sobrevivo dos restos
Dos despojos dos vermes
Das carnes apodrecidas
Tudo porque não encontrei
O caminho da fé o caminho
Da coragem da lucidez da
Razão tenho que me contentar
Com as migalhas das sobras
Dos banquetes dos mendigos
Das ruas das cidades

...5-3-2-0-9-0-9-5-3-2-4-5-0-9-4-3-2-1-0-9-6-8-7...; RJ, 0280301999; Publicado: BH, 9200702011.

...5-3-2-0-9-0-9-5-3-2-4-5-0-9-4-3-2-1-0-9-6-8-7...
Todos os números do universo serão poucos para
Enumerar a quantidade de vezes que quero te
Amar todas as estrelas dos céus todas as areias
Das praias todas as folhas de papeis todos os
Cavalos de raças por mais que procure definições
Nada vai igualar um dia todo amor que sinto por ti
Dentro do meu coração quando olho teu olhar
Começo então a chorar sinto uma fragilidade no
Ser é o medo de te perder sei que tudo é tão
Simples torno-me um ser simplório só não quero
Em nossa convivência um relacionamento
Transitório se sou fraco demais na minha
Explanação mostras-me do que és capaz na
Minha elevação tiras-me então da calçada sejas
Minha eterna amada pares os tremores das minhas
Mãos me esqueças nas masmorras do teu coração

É o fim de todas as doenças; RJ, 0150401999; Publicado: BH, 0290702011.

É o fim de todas as doenças
Acabou-se o câncer
Acabou-se a Aids todo
Mundo agora vai ter saúde
Para dar ou vender para o
Resto da vida se for de
Doença ninguém morre mais
Podem fechar as farmácias
As fábricas de remédios os
Laboratórios acabaram-se as
Doenças chega de hipocondria
Ninguém vai mais encher o
Estômago de remédios é o 
Fim de todas as pragas é o
Fim de todas as epidemias
É o fim de todos os surtos
É o fim de todas as pestes
Nova era vai iniciar no seio
Da humanidade com amor
Fé no coração com coragem
Vontade todas as doenças
Serão banidas só a saúde só
A pureza encarnadas na alma
Farão refletir na carne o
Brilho da nossa sanidade

Quero um pé da alface; RH, 060701999; Publicado: BH, 0290702011.

Quero um pé da alface
Da planta hortense da
Família das compostas
Preciso usar numa salada
Depois na hora do almoço
Uma alfacinha Lisboeta
Não a alfafa leguminosa
Não usada como forragem
Luzerna a arrumar qualquer
Adorno para casa para
Mim um enfeite bonito
Uma joia rara alfaia
Encomendar um terno
Novo numa oficina de
Alfaiate numa loja de
Ternos prontos numa boa
Alfaiataria minha sobrinha
Vai casar o alfaiate tem que
Ser bom igual ao Bezinho
Pois o ofício dele é fazer
Roupa de homem não voar
Igual ao pássaro da família
Dos fungílidas na repartição
Fiscal alfândega onde se
Cobram os impostos taxas
De importação exportação
Do país a aduana a passar
Bem distante pois nada
Tenho a declarar sou
Favorável à sonegação
Todos os impostos taxas
Pagos só servem para
Sustentar as mordomia
Das elites da burguesia o
Alfandegário aduaneiro
Que me perdoe mas do 
Dinheiro  de impostos de
Taxas o povo não vê
Nem o cheiro o dinheiro
Todo gasto no senado na
Câmara com os salários
Altos dos senadores
Deputados funcionários
A melhoria do Brasil
Estará no dia em que as
Cabeças dos políticos
Forem cortadas a golpes de
Alfanges cimitarras mouriscas
De lâminas largas curvas

A fonte não vai se esgotar; RJ, 0150401999; Publicado: 0290702011.

A fonte não vai se esgotar
A fonte não vai se secar
Mesmo depois de morto
Quero continuar em espírito
Mandar através de psicógrafos
Médiuns telepatias mensagens
Do além pois sei bem que
Depois de mim do meu tempo
Da minha era a guerra não vai
Chegar ao fim a humanidade
Não terá amor o mundo não
Viverá em paz as pessoas não
Terão respeito mas pelas
Outras vai tudo continuar
Do jeito que agora está é
Por isso que quando for
Embora quero continuar
A manter contato com um
Vivo qualquer pois penso
Que a felicidade ainda vai
Demorar a chegar no
Coração das pessoas lá
Onde estiver quero continuara a
Mandar energias boas positivas
Palavras meigas de carinho
Para suavizar o sofrimento
De quem ficar a padecer aqui

O descobridor; RJ, 0270301999; Publicado: BH, 0290702011.

Não quero descobrir
O caminho marítimo
Para as índias não
Quero descobrir o
Brasil nem quero
Descobri a América
Quero descobrir a mim
Quero ser o descobridor
De mim saber o que é
Que acontece comigo
Saber qual a causa da
Minha razão de saber
De existir quero é me
Descobrir ser o meu
Descobridor aonde
Andam meus tesouros?
Aonde andam minhas
Riquezas? que não são
As comuns que não são
As dos comuns quero
Ser o meu pirata de
Perna de pau de olho
De vidro de cara de mau
Quero ser o meu pilhador
Volver toda a terra dentro
De mim para descobrir os
Caminhos que devo seguir
Nada quero descobrir
A não ser a mim próprio

Sou repetitivo; RJ, 0280301999; Publicado: BH, 0290702011.

Sou repetitivo
Isto sei que sou
Sou demasiado
Cansativo isto
Sei que sou não
Perco a esperança
Não perco a calma
Todo ser humano é
Assim menos os
Primitivos menos
Os primatas os
Neandertal da vida
Os homens da
Pré-história esses
São diferentes não
São iguais as gentes
Que vivemos no
Mundo de hoje
Hipócritas falsas
Mentirosas cínicas
Doentes psicopatas
Esquizofrênicas loucas
É o que na realidade se
Enquadra à personalidade
Do ser humano atual
Tenho dúvidas do ser do
Humano do atual sou
Repetitivo chato ignorante
Apedeuta vil notório
Porém incansável na
Minha busca à luz no
Fim do túnel à felicidade
Real olha aí de novo
Outra vez na repetição

Sou o alfa a primeira letra; BH, 060701999; Publicado: BH, 0290702011.

Sou o alfa a primeira letra
Do alfabeto grego
Correspondente ao a das
Línguas neolatinas sou o
Princípio das  coisas  o
Meio das coisas o fim das
Coisas da filosofia do
Princípio da razão o
Alef do Borges sou a
Estrela guia de maior
Grandeza duma
Constelação duma
Galáxia sou o começo
Do nada a alfabetização
O efeito do alfabetizar
Sou o início do caminho o
Alfabetamento do deficiente
O que veio ao mundo para
Alfabetar por em ordem
Alfabética as almas penadas
Que perambulam pelas ruas
Sou o ser alfabético tenho o
Alfabeto nas veias ajo
Segundo a ordem das letras
Quero a alfabetização o efeito
Do alfabetizar todo o povo
Progressista ordeiro toda a nação
Do progresso brasileiro ao
Olhar-me no espelho ao ver
A imagem dum alfabetizado
Que aprendeu a ler que
Aprendeu a escrever quer
Ensinar a ler ensinar a escrever
O conjunto das letras usadas
Na grafia duma língua do
Abededário nacional do
Conjunto de noções
Elementares da arte ou da
Ciência sou o último alfa o
Primeiro duma continuação

Muita paciência; RJ, 0150401999; Publicado: BH, 0290702011.

Muita paciência
Vou ter que usar
De muita paciência
Sei que é chato
Sei que é triste
Começar de baixo
Começar do nada
Noutro lugar o
Importante é
Começar é atirar
Apesar de não te
Balas no revolver
De não ter revolver o
Importante é começar
Com ânimo disposição
Com o pensamento
Voltado para a solução
Par a resposta para
A certeza dum
Despertar bem
Melhor muita
Paciência pois
Paciência tenho
Sou tão paciente
Que pareço um inútil
Fico na inércia
Fico igual morto
Para não perturbar
O espírito na hora
Que for mudar
Muita paciência

O vocabulário é curto grosso; RJ, 0270301999; Publicado: BH, 0290702011.

O vocabulário é curto grosso
A palavra é de baixo calão a
Ideia é fraca pobre o ideal é
Vazio de alicerce raso sem
Meta tema aminho destino
É assim que é a cabeça
Deste bardo que tenta
Encontrar um lapso de
Lucidez de razão a voz
É dum troglodita a
Dialética é opaca o
Raciocínio é morto a
Inteligência fede tanto
Quanto defunto fora da
Tumba o canto é de choro
De lamento de lágrima
Não para mais foi aí que
Formaram-se os rios os
Mares os oceanos o canto é o
Choro dos índios da florestas
Dos bichos dos pássaros das
Crianças dos menores
Abandonados por Deus
Pela sociedade pelo estado

O melhor estilo é não ter estilo; RJ, 0280301999; Publicado: BH, 0290702011.

O melhor estilo é não ter estilo
O melhor pensamento é não
Pensar o melhor acerto às
Vezes é errar toda hora o
Melhor caminho a seguir é
Não seguir caminho nenhum
A melhor poesia é não existir
Poesia o melhor poema é o
Não poema chega de elegia
Ode sinfonia o melhor do ser
É o não ser a Terra não gira
Ao contrário pelo contrário a
Igreja não vive sem vigário o
Céu sem Deus o inferno sem
Satanás o melhor do diretório
É o contraditório toda ação
Requer uma reação todo belo
Tem seu lado feio às vezes é
Vice-versa o contrário é o
Viário conclusão o melhor
Da razão é a falta de razão

Vem fazer para mim uma aletria agora; BH, 060701999; Publicado: BH, 0290702011.

Vem fazer para mim uma aletria agora
Com massa de farinha de trigo em fio
Fino fofo uma espécie de macarrão
Bem delgado num cabelo-de-anjo
Para alevantar o astral que estou meio
Down com a fome a apertar não posso
Ficar deitado nesta cama preciso me
Levantar agora para fazer uma obra
De arte par afazer uma obra-prima
Um clássico da humanidade não será
Em verso alexandrino de doze sílabas
Que geralmente é feito com pausa
Com cesura após a sexta sílaba tônica
Quem sou a apregoar um hemistíquio
Para pensar tão grande ser o natural de
Alexandria no Egito? sou Alexandre o
Grande? com o cavalo Bucéfalo? quem
Sou o que para querer ir tão longe? a
Fazer versos alexandrinos que pretensão?
Fazer obra-prima fazer obra de arte fazer
clássicos vês se acorda rapaz estás a
Sonhar acordado estás a sonhar alto
Cuidado para não cair da cama

Estou de saco cheio; RJ, 0280301988; Publicado: BH, 0290702011.

Estou de saco cheio
Saco cheio de ti no
Passado pensava que
Até te amava hoje no
Presente o futuro sem
Ti vejo que estava
Errado que estava
Enganado que não
Era amor o que
Sentia por ti não
Sabia que um dia
Ia transformar em
Raiva transformar
Em ódio meu o
Sentimento o amor
Que guardo aqui bem
Dentro do peito não
Sabia que ia ser
Rancor que ia sentir
Por todo teu amor
Suportar-te hoje é um
Sacrifício amar-te
Hoje é um sofrimento
Viver contigo agora
É um grande erro
Fazer amor contigo
É um ato de suicídio

Enfim vida nova para um filho; RJ, 015040199; Publicado: BH, 02907020119.

Enfim vida nova para um filho
Enfim vida nova para a filha
Enfim vida nova para outro
Filho enfim vida nova para
A mãe enfim vida nova até
Para mim pois vamos mudar
Do Rio de Janeiro para Belo
Horizonte Minas Gerais aí
Espero que seja coisa mais
Certa que já fizemos em
Toda a nossa vida não
Podemos é fazer mais
Nada errado não podemos
É permitir a fragilidade
Influir no nosso seio
Precisamos por em prática
O uso da nossa inteligência
Apesar de que não estejamos
Acostumados a usá-la enfim
Vida nova para todos nós
Vamos mudar em busca
Duma vida melhor
Mais tranquila mais feliz
Espero com fé em Deus
Que esta decisão seja enfim
Importante à nossa união

Não acontece nada às vezes até me dá; RJ, 0270301999; Publicado: BH, 0290702011.

Não acontece nada com às vezes me dá
Um desejo de ira de rancor um desejo
De vingança como as pessoas que
Fazem o mal que semeiam a
Violência a agressão a morte
Continuam aí sem nada acontecer?
Às vezes me dão uma raiva um ódio
Dentro de mim sei que estou errado
Que não é certo pensar assim gostaria
De ver toda pessoa que estivesse a
Fazer o mal a semear a discórdia
O ódio e a infelicidade a pagar o
Mesmo pato não podem fazer de
Tudo tudo que é ruim nada
Acontecer sei que não presto nem
Quero ser juiz mas não gosto nem
De ouvir o som do sorriso duma
Pessoa que sei que não presta

Afonso Romano de Sant'Anna, Entrevista; BH, 290702011.

Telefonam-me do jornal:
- Fale de amor-
Diz o repórter,
Como se falasse
Do assunto mais banal.
- Do amor? -
Me rio
Informal.
Mas ele insiste:
- Fale-me de amor-
Sem saber, displicente,
Que essa palavra
É vendaval.
- Falar de amor? -
Pondero:
O que está querendo, afinal?
Quer me expor
No circo da paixão
Como treinado animal?
- Fala...- insiste o outro
- Qualquer coisa.
Como se o amor fosse
“Qualquer coisa”
Prá se embrulhar no jornal.
- Fale bem, fale mal,
Uma coisa rapidinha
- Ele insiste, como se ignorasse
Que as feridas de amor
Não se lavam com água e sal.
Ele perguntando
Eu resistindo,
Porque em matéria de amor
E de entrevista
Qualquer palavra mal dita
É fatal.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

Sociedade dos cabeças ocas; RJ, 0280301999; Publicado: BH, 0280702011.

Alguém tem que continuar a ouvir
Música erudita alguém tem que
Andar com um livro debaixo do
Braço um violão na mão alguém
Tem que resistir procurar pensar
Nalguma coisa nos princípios
Nas causas nas leis na filosofia
Sociedades dos cabeças ocas
Mentes vazias espíritos do mal
Almas perdidas sombras infernais
Silhuetas diabólicas simulacros
Satânicos alguém tem que fazer
Poesia fazer poemas sinfonias
Alguém tem que continuar com a
Preservação os cabeças ocas estão
A tomar conta de toda a sociedade
Da árvore da vida da ciência do
Bem do mal tenho medo dos
Cabeças ocas dos cara de pau
Dos mentes de madeira tomara
Que dê cupim em toda essa
Sociedade dos cabeças ocas

Por fora todo mundo pode ver; BH, 050701999; Publicado: BH, 0280702011.

Por fora todo mundo pode ver
Sou grande como um elefante
Volumoso igual a um hipopótamo
Farto feito uma baleia que até fico
Impedido de ser alentado a enorme
Quantidade de gordura impede meu
Processo alentador não posso me
Alentar naturalmente nem ter alento
Ânimo para a vida; aí não consigo
Alimentar meus pulmões incitar a
Respiração aliviadora o respirar
Tranquilamente sem resfolegar
Com a falta de ar no meu alento
Penoso bufo meu fôlego pesado
Arfo parece de chumbo ufa que
Falta-me até coragem para andar
Nas ruas pegar uma aragem por 
Fora todo mundo pode ver por
Dentro o ar causa uma alergia é
Uma intolerância do organismo
A aceitar alguns goles de ar como
A certas substâncias ou agentes
Físicos o ar é alérgico aos meus
Pulmões não posso estar alerta ter
Atenção dentro de mim perceber
Atentamente o que se passa ficar
De sobreaviso com o sinal vermelho
Para manter-me em vigilância pois
Apesar de ser muito grande por fora
Sou pequeno apertado por dentro do
Tamanho da cabeça dum alfinete dum
Grão de areia além de alisado abestalhado
Abobalhado com as aletas atrofiadas as
Pequenas alas interrompidas as asas do
Nariz são desenvolvidas para o pouco
Oxigênio que uso insuficiente dum ar
Rarefeito em nenhum nutriente sadio

Está certo o que vou fazer?; RJ, 0150401999; Publicado: BH, 0280702011.

Está certo o que vou fazer?
Está correto? não será erro?
Não será o contrário? tenho
Que ir ou tenho que ficar?
Como se acaba com uma
Dúvida? se não der certo?
Como se acaba com a
Incerteza? a perplexidade a
Emoção? sensação ruim?
O pior é a emoção que
Impede a ação natural
Leva ao sentimentalismo
O coração fica frágil
Toma o lugar da mente
Espero a partir de hoje
Acabar com isso tudo
Equilibrar as ações
Sair das coisas erradas
Partir para as coisas certas
Sair da indefinição
Procurar meu rumo
No meu próprio torrão
Se o que está para acontecer
É certo ou não
Nem sei a resposta
No erro não poso mais sobreviver

Parei de beber; RJ, 0280301999; Publicado: BH, 0280702011.

Parei de beber
Parei de fumar
De prevaricar
Só não parei de
Mentir minto
Muito minha
Minha vida
Não melhorou
Um milímetro
Não evolui
Um segundo
Não me libertei
Em nada
Continuo preso
Sem esperança
Nem o viagra
Para dar-me
Mais tesão
Até agora
Não senti o
Efeito da mudança
Transformação
Que tento impor
Em minha vida
Parei de viver
Parei de amar
Parei de sorrir
Não revelei-me
Alguém superior a
Minha mediocridade
Se acentuou mais ainda
Minha pequenez
Está em evidência
Agora do que antes
Parei de ser o que sou.

Quando tiver maioridade poética; RJ, 0270301999; Publicado: BH, 0280702011.

Quando tiver maioridade poética
Serei um completo quando atingir
O pico da inspiração lírica não
Terei dificuldade para tirar do meu
Coração sem medo de errar sem
Medo de existir todas as obras
Máximas das poesias dos
Poemas que o mundo não
Conheceu aí o universo morreu
Esparramou a poesia cósmica
Iluminou o buraco negro num
Poema são conhecidos todos os
Quasares pulsares objetos astros
Do universo no passado até o
Universo futuro a poesia de
Resistência o poema da teima
Sobreviverão juntamente com a
Obra-prima da ressurreição
Quando fizer um mestrado ter
Meu PHD meu grau máximo
O universo desintegrou o que
Restou não foram nem partículas
Nem moléculas só restos de nada

O que fizeste comigo; RJ, 040701999; Publicado: BH, 0280702011.

O que fizeste comigo
Foi uma aleivosia hedionda
Uma traição de Judas um
Crime cometido com a falsa
Aparência duma velha
Amizade foi uma perfídia
Com a qualidade do que é o
De mais pérfido faltou a fé
Jurada foste uma traidora
Duma deslealdade que não
Tem mais tamanho teu amor
Aleivoso deixa-me nervoso o
Dia em que desligar-me de ti
Sem sofrer vai ser uma aleluia
Uma exclamação de glória um
Cântico de júbilo de hosana
Como num sábado em que a
Igreja católica celebra a
Ressurreição de Cristo aleluia
Além do que tudo que já fizeste
Todos erros que já cometestes
Só me fizeste colocar do lado
De lá lá mais adiante para lá
De tua imagem longe do teu
Corpo afora do teu espírito
Tudo que representa teu
Contexto serás estranha para
Mim como o alemão natural
O idioma da Alemanha para
Fugir vou para além mar para
Lá do mar nas terras que ficam
Doutro lado onde não serei encontrado

Afonso Romano de Sant'Anna, Turista Acidental; BH, 280702011.

Fui fotografado à minha revelia,
Em frente a um templo egípcio
No Metropolitan Museum de Nova York.
À minha revelia, de novo, fotografado fui
Na 5a. Avenida às três e meia da tarde.
Assim, um sem-número de vezes
Em frente ao Coliseu,
Nas ruínas de Machu Pichu,
Perto da Torre de Londres,
Junto à Catedral de Colônia,
Sobre as pedras da Acrópole, em Atenas,
Nas mesquitas de Istambul
E, evidente, em Juiz de Fora.
Guardado estou
Em álbuns
Japoneses, italianos, americanos, alemães, franceses
Argentinos, senegaleses,
Disperso
Desatento
Como se aquele corpo
Não fosse meu.
Quando mostram as fotos aos parentes e vizinhos
Sou pedra-porta-árvore-sombra-paisagem.
Ninguém, reunindo as fotos, perguntará:
- Quem é este constante figurante
No flagrante do alheio instante?
Disperso-dispersivo estou.
Que álbum conterá a unidade perdida
Revelada do negativo
Perambulante que sou?

Maurício assombração; RJ, 0150401999; Publicado: BH, 0280702011.

Falei do Maurício
Foi só o Maurício
Ou a assombração
Dele chegar diante
De mim falar uns
Impropérios improvisados
Para perder todo o controle
Sobre a situação
Geralmente comigo é assim
Perco-me logo
Gaguejo fico trêmulo
O sangue foge de minhas veias
Fico com as vistas turvas
A cabeça dói rápido
Toda a fortaleza se transforma
Numa casa de pau-a-pique
Construída num terreno de areia
Toda a defesa falha
O sistema entra em pane
Sai fora do ar
Toda esta disfunção
Tem que acabar
Só tento falar a verdade,
Por não gostar de mentiras
Não gostar de ilusão
Só tento falar a verdade
Por não gostar de falsidade
Só não prospero
Por não ter de prosperar
Aceito o destino
Conformei-me
Não quebrei as correntes
Das cadeias que me prendem
À minha eterna masmorra
Xô Maurício assombração

Negativamente a sabedoria; RJ, 0290301999; Publicado: BH, 0280702011.

Negativamente a sabedoria
Distanciou-se como pode
Dos abismos do meu cérebro
A minha imensidão que
Imaginava comparada à do universo
Se revelou menor do que uma molécula
Não percebia que o céu era azul
Que o firmamento
Se refletia no cristal do mar
Pedra preciosa viva
Diamante lapidado
Pela própria natureza
Que cansou de me ver chorar
Misturar minhas lágrimas
Com as águas do mar
Minhas lágrimas
Também são azuis então
Sábios são os que sobrevivem
Só com o instinto
Sábios são os sábias
Os pássaros que sabem cantar
As formigas as abelhas
Os vaga-lumes também
Sábias são as joaninhas
Os beija-flores
Sou pobre mortal
Digno apenas de minha sepultura
Da poeira pela qual
Vou me alimentar na eternidade

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Vou-me embora não é para Pasárgada; RJ, 0270301999; Publicado: 0270702011.

Vou-me embora não é para Pasárgada
É para Belo Horizonte capital de Minas
Gerais mãe está lá pai está lá irmãos
Estão lá vou para lá também esta é para
Agradecer ao Rio de Janeiro por todo
Este tempo que vivi aqui agora chegou a
A ora vou pegar o saco e a viola vou-me
Embora tio Lourenço está lá madrinha
Também sobrinhos estão lá é para lá que
Vou não é para Pasárgada é para lá que
Quero ir para Belo Horizonte capital
De Minas Gerais donde nunca deveria
Ter saído perdido saúde porém mineiro
É assim sai de Minas Minas não sai do
Mineiro um dia volta para ficar de bem
Com a terra com os trem de Minas tem
Muito cemitério bom tranquilo lá em
Minas para enterrar o coração não
Quero ser enterrado noutro lugar
Adeus meu Rio de Janeiro

Compus para ti um alegreto; BH, 040701999; Publicado: BH, 0279702011.

Compus para ti um alegreto
Um andamento musical menos vivo
Que o alegro compus este trecho
Para cantar neste fundamento
Encosta a cabeça aqui no rumo do
Coração vais escutar o musical a
Canção o estado de euforia o
Contentamento de alegria que
Se manifesta nas batidas por
Palavras atitudes do coração
Compus para ti um alegro
Andamento musical vivo
Rápido compassado mais
Lento que o vivace encosta
Os ouvidos aqui ouças a
Composição que fiz o
Movimento de dentro a divisão
Neste andamento que flui pela
Aleia a alameda da cidade que
Leva de encontro à felicidade
Donde vamos viver na aleitação
No aleitamento natural manhã
Tarde noite a alimentar com leite a
Alimentar-te como se fosses neném
Aleitar teu organismo até ficares da
Cor de leite o nosso lado aleijado o
Nosso aleijão mutilado do nosso ser
O deformado do nosso espírito não
Vão mais aparecer nada mais vai
Nos aleijar deturpar nosso amor todo
Aleive maldoso de aleivosia difamatória
Calúnia silenciosa cairão por
Terra sem raízes próprias

Meu Deus; RJ, 0150401999; Publicado: BH, 0270702011.

Meu Deus
Por que não aprendi a pensar?
Se penso logo existo então não
Existo pois não sei pensar ainda
Mais pensar rápido com
Objetividade não sei pensar não
Aprendi a pensar nem a canalizar
Os pensamentos em torno dum
Bem não aprendi mesmo todo
Meu pensamento é ilógico sem
Raciocínio não tem ética nem
Rumo sem estrutura força meu
Deus onde vou encontrar a fonte
Do pensamento a fonte da
Inteligência para armazenar
Dentro de mim nunca mais
Deixar sair? dinheiro gera
Felicidade inteligência
Também a maior pobreza do
Homem é que só sabe ganhar
Dinheiro com a falta de
Inteligência de pensamento
Lógico positivo real chega de
Crueldade chega de irrealidade
Sem o controle firme do
Pensamento o homem
Desestrutura penso penso
Rápido logo não existo

Sou quem falo que procuro o novo; RJ, 0270301999; Publicado: BH, 0270702011.

Sou quem falo que procuro o novo
Que procuro a evolução da espécie
Da espécime que procuro o progresso
Da raça humana da humanidade do
Ser humano é mentira não é verdade
Não sou um homem mais do que
Atrasado retrógrado no passado do
Pretérito do pretérito nunca cheguei
Ao presente nem vou estar no futuro
Sou um caipira um homem da roça
Um homem do campo um sertanejo
Um jagunço um peão sou um
Vaqueiro um tocador de viola um
Guia de carro de boi sou um
Boiadeiro não tenho boiada nem
Tenho dinheiro um operário
Desempregado a fábrica está
Fechada sou quem falo ninguém
Vai me ouvir ninguém vai me
Atender entender-me prestar
Atenção sou um pé no chão
Sem sapato no pé sem meia
Não vou brilhar no amanhã

Fernando Pessoa, Não sei quem sou; BH, 0270702011.


Não sei quem sou, que alma tenho.
Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo.
Sou variamente outro do que um eu que não sei se existe (se é esses outros)...
Sinto crenças que não tenho.
Enlevam-me ânsias que repudio.
A minha perpétua atenção sobre mim perpetuamente me aponta
Traições de alma a um carácter que talvez eu não tenha,
Nem ela julga que eu tenho.
Sinto-me múltiplo.
Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos
Que torcem para reflexões falsas
Uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas.
Como o panteísta se sente árvore (?) e até a flor,
Eu sinto-me vários seres.
Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente,
Como se o meu ser participasse de todos os homens,
Incompletamente de cada (?),
Por uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço."

Quando é que vou saber; RJ, 0290301999; Publicado: BH, 0270702011.

Quando é que vou saber
Que estou a agir com lucidez
Inteligência sabedoria? quando
É que vou saber que o que quero
É o que está certo correto? quando
É que vou saber que estou a viver
De verdade? não estou a fingir nem
A iludir não estou a mentir nem a
Enganar natural simples verdadeiro
Real divino celestial universal meu
Bom Deus do céu as dúvidas me
Destroem me matam minha
Hemorragia sangra sem parar não
Sei estancar o sangue não quer
Parar de jorrar não quer coagular
O sangue o céu está fechado as
Nuvens são grossas pesadas
Parece que daqui a pouco a tarde
Chorará também numa hemorragia
D'água lágrima de sangue tudo por
Estar perdido sem encontrar solução
O veio da mina de ouro que tenho
Na palma da mão a um palmo dos
Meus olhos na ponta do meu nariz
Fora do raio de minha visão

O teu ato é efeito de alegares; BH, 040701999; Publicado: BH, 0270702011.

O teu ato é efeito de alegares
Tudo o que quiseres contra mim
De nada vai te ajudar o que
Alegas não tem fundamento as
Tuas razões apresentadas em
Juízo pelas partes que te
Interessam mais tudo que
Pode ser alegado um dia
Pode ser usado contra ti
Mesma o que apresentas
Ou mencionas como provas
As razões que expuseste
Os pretextos pretensões tudo
Que alegaste só vão servir de
Alegoria para mim no processo
Retórico pelo qual se traduz
Um pensamento em imagens
Poéticas que se imaginam
Como seres animados
As qualidades de ações
Cada figura que simbolize
Uma ideia abstrata o teu
Caso vai ser então um caso
Alegórico quando tudo for
Definido só vais me alegrar,
Causar-me alegria,
E tornar alegre o meu ser,
Ao embriagar-me levemente,
Sem beber nada;
Só vou ficar eufórico
E em estado de ligeira embriaguez;
Cheio do que provoca,
Sente ou demonstra
Que está contente,
Com cor viva e vistosa,
Florido como um alegrete,
Um pouco recipiente retangular,
Onde se cultivam plantas e flores,
Jardineira de estufe,
Como tudo que querias,
Era causar-me alegria

Vou deixar alguns amigos aqui; RJ, 0150401999; Publicado: BH, 0270702011.

Vou deixar alguns amigos aqui
Uns amigos verdadeiros outros
Nem tanto falsos amigos como
Existe tanta coisa falsificada
Pirata de baixa qualidade
Também existem amigos falsos
Piratas sem qualidades porém
São amigos como vou deixá-los
Já estou triste pela falta que sentirei
De Caboclo Bonchão irmão do
Bebeco Almir Ladrão Zé Henrique
Do Coco Tatá Magdaleno Charles
Josias seu Luiz da Cerveginha
Preta Coronel seu Alvacir Jorge
Dorme Sujo Silvio da Cedae Joel
Barriga Dura João Carbureto Didi
Pedalada Brinquedo Assassino toda
A turma veterana unida do copo Nadir
Figueiredo Ventania seu Manoel da
Viação Campo Grande Mário Rosa
São todos amigos Manelão verdadeiros
Ou não só Deus saberá a verdade não
Posso enumerar todos que o papel seria
Pouco a tinta da caneta não bastaria
Perdoem-me aqueles amigos os já
Falecidos os vivos que por acaso a
Memória esqueceu de lembrá-los

Não vou chegar aos pés de Rainer Maria Rilke; RJ, 0270301999; Publicado: BH, 0270702011.

Não vou chegar aos pés de Rainer Maria Rilke
Nem à perfeição das suas Elegias de Duíno
Nem vou atingir o êxtase não vou atingir o
Triunfo das odes de Fernando Pessoa faço
O meu feijão com arroz farinha meu angu à
Baiana meu sarapatel baião de dois tutu à
Mineira com o meu parco vocabulário meu
Pobre português se um dia achardes ou
Alguém achar que mereça atenção duma
Leitura darei graças a Deus então coração
Mocotó rabada bem sei que nada é novo
Torresmo à pororoca tudo que se pensa já
Se foi pensado bobó de camarão tudo que
Galopé feijoada que se escreve já foi escrito
Vatapá nada é mais ou menos feio nada é mais
Ou menos bonito é que não tenho profissão,
Buchada não estudei nem tenho diploma
Dobradinha cozido à portuguesa sou teimoso
Esperançoso fico nesta ideia fixa de me
Transformar num escritor das letras doutor 
Das palavras senhor um escritor grávido de
Dar à luz a um poeta a saber que ninguém vai ler

A vantagem de nascer morto; RJ, 0290301999; Publicado: BH, 0270702011.

A vantagem de se nascer morto
É que não precisa se suicidar
Nem sofrer nem chorar é a
Mesma vantagem de quem
Nasceu sem cérebro não
Precisa pensar se viver já é
Tão difícil quase impossível
Imaginai então pensar pensar é
A tarefa mais dura árdua que o
Ser humano tem que carregar é
A cruz da humanidade pensar
Dói vira penar cansa irrita
Prefiro morrer a ter que pensar
Quem pensa afunda não prospera
Nem sai do lugar a vantagem de
Nascer morto é que não precisa
Entender não precisa compreender
Interpretar nem vai ser chamado
De apedeuta não vai dar trabalho
Nem vai dar explicação nasceu está
Morto natimorto recém morrido
Liberou o corpo sem velório sem
Enterro sem burocracia até uma
Salva de palmas até tiro de canhão
Dobrar de sinos queima de fogos
É assim que se deveria comemorar
Quem nasce morto

Aldeído já até estudei; BH, 040701999; Publicado: BH, 0270702011.

Aldeído já até estudei
É a substância orgânica
Líquida muito volátil
Obtida geralmente por
Oxidação dos álcoois
Aldeota já li em Guerra
Paz de Leon Tolstoi a
Pequena aldeia Iasnaia
Poliana onde passava os
Dias para meditações
Bati com a aldraba a
Argola peça de ferro a
Aldrava para bater às
Portas abri-las também
A tranqueta metálica
Para baixar levantar o
Ferrolho de portas
Janelas para não aldrabar
Fechar bater com aldrava
Para não aldravar nem
Pôr aldrava estarei a porta
Estará sempre aberta
Àqueles que precisam
Dum pedaço de pão
Ao errante aleatório
Dependente de
Acontecimento incerto
Que por acaso batem à
Nossa porta filhos do
Casual que o destino
Lançou às ruas a vida
Abandonou ao léu sem
Um cheirinho de alecrim
Da planta odorífera da
Família das labiadas sem
Folha ramo flor desse
Arbusto onde homens
Mulheres crianças
Disputam restos de
Comidas feito galos de
Briga num bailar de
Alectoromaquia lutam
Entre si a herança
De vida ou morte

Hoje vi o Maurício; RJ, 0150401999; Publicado: BH, 0270702011.

Hoje vi o Maurício
Vi-o de longe com as
Mãos nos bolsos boné
Na cabeça magro fiapo
De gente encostado à
Árvore em frente
Bambo feito o vento
Da última vez que o vi
Chegou aqui pediu uma
Cerveja bebeu saiu a
Correr sem me pagar
Apareceu hoje depois
De tanto tempo todo
Vermelho como um
Pimentão raquítico
Caquético ficou a
Fitar-me dissimulado
Depois desapareceu
Senti pena do Maurício
É mais um escravo das
Drogas não se aguenta
Mais nas pernas não
Abandona o vício não
Tem forças geralmente
É assim quando querem
Abandonar a morte não
Deixa a morte é mais
Rápida se o Maurício não
Abrir os olhos a escuridão
Vai chegar quanto mais
Tentar respirar mais vai
Ser puxado para o fundo
Hoje vi o Maurício
Em estado lastimável
Perdi na hora a raiva
Só a pena tomou conta
Do meu coração

Tem hora que a coisa para; RJ, 0290301999; Publicado: BH, 0270702011.

Tem hora que a coisa para
Empaca de vez não vai
Mais para a frente nem
Para atrás não evolui nem
Regride fica estacionada
No espaço parada no tempo
Longe do momento por
Mais que se almeje uma
Fresta de luz um pedaço
De abertura uma vibração
De esperança chega-se à
Estaca zero volta-se ao
Início do tempo à criação
Do universo ao primeiro
Tudo ao primeiro nada
Às grandes invenções
Descobertas o homem
Aprende a andar a chorar
A rir o homem aprende
Tudo aprende a matar a
Subjugar a corromper a
Guerrear só não aprende
A amar a ser homem só
Não aprende a viver
Tem hora que falta o ar
O coração parece parar
Um segundo a esperança
Ocupa a alma a paz está
A vir aí ai amor está a
Chegar ainda estamos a sonhar

Afonso Romano de Sant'Anna, Poemas Para a Amiga; BH, 270702011.

(Fragmento 2)
Eu sei quando te amo:
É quando com teu corpo eu me confundo,
Não apenas nesta mistura de massa e forma,
Mas quando na tua alma eu me introduzo
E sinto que meu sangue corre em ti,
E tudo que é teu corpo
Não é que um corpo meu
Que se alongou de mim.
Eu sei quando te amo:
É quando eu te apalpo e não te sinto,
E sinto que a mim mesmo então me abraço,
A mim
Que amo e sou um duplo,
Eu mesmo
E o corpo teu pulsando em mim.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Ode da mulher amada; RJ, 0270301999; Publicado: BH, 0260702011.

Mulher amada minha
Quero te cantar com as
Cordas vocais do meu
Coração quero ouvir o
Eco da tua voz nas
Cavernas dentro de
Mim nas paredes do
Meu interior mulher
Amada que o tempo
Castigou que o trabalho
Envelheceu ao meu
Lado a felicidade não
Conheceu sangra o meu
Coração de angústia de
Dor de vazio depressão
Pois o tempo passa
Rápido aqui hoje no
Escuro não encontro
A tua mão teus braços
Magros firmes teus ossos
Compactos pontudos
Tua alma consciente
Lúcida a preencher tuas
Necessidades a cumprir
As responsabilidades
Que o destino legou a
Vida inteira estará
Acorrentado a teus
Pés o sino do meu
Ouvido mulher
Amada inteira minha

Alcovitar sem fazer intrigas; BH, 040701999; Publicado: BH, 0260702011.

Alcovitar sem fazer intrigas
Sem denunciar os amantes a
Mexericar com a vida que
Não temos nada com o que
Acontece uma alcova a
Apadrinhar as casas
Amorosas a facilitar aos
Amantes ao ser alcoviteiro
Se por alcunha sem ter o
Nome dado por alguém
Geralmente denotativo
Porém sem ser mas se for
Duma particularidade
Física ou moral é só o
Apelido mais nada a
Fofocar de espécie de
Candeeiro ou cabeça
Iluminada podeis me
Alcunhar mas sou
Diferente tenho meus
Defeitos tenho meus
Erros tenho meus pecados
Mentiras falsidades
Desilusões desgostos
Mágoas nódoas
Manchas marcas
Mas não fujo da ética
Não fujo da razão da
Verdade da realidade
Quando chego a um
Aldeamento à uma
Povoação de índios
Dirigidos por civilizados
Torno-me também aldeão
Referente pertencente à
Aldeia torno-me rústico
Forte habitante de
Povoado de poucos
Habitantes como
Povoação de indígenas
Vejo-me num campo
Em oposição à cidade
Quero aprender a aldear
Todas numa só aldeia
Numa só alcova a aldeia
Global geleia geral

Não estou seguro de mim; RJ, 0150401999; Publicado: BH, 0260702011.

Não estou seguro de mim
Não tenho segurança é
Muito grande o meu
Medo bem maior minha
Covardia não sinto
Firmeza quero me
Agarrar a qualquer coisa
Para não afundar tenho
Que deixar de debater
Parar de tremer de arriar
As calças honrar o nome
Que tenho deixar um
Legado de herança aos
Filhos herança que valha
À pena herança boa sadia
Onde nunca venham a se
Envergonhar de mim que
Tenham orgulhos nunca
Engulhos que  tenham
Alegrias não alergias ao
Chamarem-me de pai não
Estou a sentir-me bem penso
Que tudo isso que está a
Acontecer é muito difícil
Para mim não pretendo
Fazer tempestade em
Copo d'água mas uma
Imensidão de breu se
Abateu sobre o meu ser
Se não sentir logo a luz do
Sol sou capaz de morrer

Ode à menina levada da breca; RJ, 0270301999; Publicado: BH, 0260702011.

Menina levada da breca
Danada me deixas maluco
Neste meu canto antigo
Lembro de ti criança a
Dizer que vais dar um
Rolé que vais se dar
Bem menina do além
Aquém da dor não vês
Sofrimento canção de
Alegria sinfonia de riso
Caixa de gargalhadas
Pequenina ainda sem
Papas nas papilas
Língua certa nunca
Tiveste o pior é isso
Vais crescer a falar
O que quiseres com
Quem quiseres ninguém
Vai colocar-te freios este
Teu pai arcaico retrógrado
Velho quadrado inútil só
Sabe mesmo fazer este
Canto esta ode medieval
Cantada de castelo em
Castelo feudal do país do
Coração menina levada
Da breca dá me cá um
Beijo que quero dormir

Sinfonia do silêncio Nº1; RJ, 0290301999; Publicado: BH, 0260702011.

Todas as pálpebras de todos os seres
A bater juntas coordenadamente como
A vibração das almas na busca dum
Sentimento só as pancadas das asas
Das borboletas no voo fúnebre do
Entardecer o rastejar das lesmas os
Pulos das aranhas os saltos das pulgas
A corrida das taruiras o desfile da
Centopeia com todas as pernas a bater
Dum lado só ao mesmo tempo
Compõem a sinfonia do silêncio que
Só poderemos ouvir na composição
Da poesia com o chegar da luz do dia
O reflexo da gota de orvalho o
Recolhimento do sereno a joaninha a
Pousar nas pétalas das flores que
Sinfonia deliciosa filarmônica da
Natureza nem o grande imortal Mozart
Seria capaz de compor tão bela sinfonia
Não teria notas musicais suficientes
Ainda que inventasse se juntasse com
Outros gênios numa parceria de
Composição morreriam loucos
Não saberiam cumprir tal missão