terça-feira, 31 de maio de 2022

Vi uma pergunta num muro velho dum cemitério dum subúrbio

Vi uma pergunta num muro velho dum cemitério dum subúrbio
E a repito aqui quantas pessoas o teu voto no inominável já matou?
E é uma pergunta para ser respondida não só pelos eleitores do
Bosto bem como os que foram omissos e os imparciais e apolíticos
E analfabetos políticos pois são todos co-autores dos crimes e
Falcatruas e mal feitos e supostos assassinatos atribuídos
À famiglia mafiosa que comanda o crime organizado e as
Organizações criminosas associadas e a
minha ficha não cai
Quando vejo ou deparo com alguém que fala em Deus ou que
Anda com uma Bíblia debaixo do braço ou não sai das igrejas
E a clamar que votou no coiso armamentista e que o dito é um
Messias ou um homem enviado de Deus ou outras monstruosidades mais
E ainda me pergunto como pode uma pessoa que a vida toda
À nossa frente aparentava uma personalidade justa ou
Um comportamento sóbrio e de repente se revela eleitor do
Carcamano torturador fascista e pessoas de boa índole ou
De bom caráter e que nos fazem questionar o que foi que
Aconteceu com a nação trabalhadora brasileira agora
Tão vilipendiada mas que votou em massa para perder
Direitos humanos e direitos trabalhistas e sociais adquiridos
Ou mesmo constitucionais e que têm que suportar um
Pseudo governante que faz tudo inconstitucionalissimamente
Com todos os membros fora de órbita ou fora do eixo ou alucinados
Ou insanos ou não sei lá bem o que são mas não são coisas boas
E aqui quaisquer coisas fazem para se manter ou
Justificar tais descalabros descaradamente.

BH, 0120402020; Publicado BH, 0310502022.

Completamente perdido com essa quarentena da pandemia.

Completamente perdido com essa quarentena da pandemia
E tudo por medo de morrer contaminado pelo tal do vírus
Que gosta de ficar vitaminado no organismo da gente
E fico com inveja desse povo que não liga para nada
E sai em passeatas ou carreatas e vai à igreja ou ao cinema ou ao bar
E medroso aqui resta-me ladainhas de linhas e mais linhas
E umas atrás doutras como se fossem batalhões de formigas guerreiras
A erguerem fortalezas de castelos para ser derrubadas
Pelos meninos sem pêlos e sem corações e que jogam
Pelotas de barro nos ninhos dos passarinhos descuidados
Ou nos calangos distraídos dos muros descascados
E desce um cabeça branca rua abaixo com uma lata na mão
E me dá até uma vontade de segui-lo sem nem querer saber de nada
Mas só a beber uma latinha gelada também e me
Quedo aqui de medo já que o vírus é cruel e
Se der sopa é beleléu apesar de sexagenário quinto no quintal
Não pretendo bater botas junto com a indesejada das horas
E já são quase dezoito horas e velho dorme cedo e acorda tarde
E o cachorro baforento não deixa de jogar o bafo fedorento
Em cima de minhas ruínas e só falta por me matar de apoplexia
E o bicho é teimoso e não sai de dentro da casa.

BH, 0110402020; Publicado: BH, 0310502022.

E nas incertezas destas últimas horas da vida.

E nas incertezas destas últimas horas da vida
Lavrarei o maior número de linhas que puder
E linhas de todas as línguas e maneiras e
Jeitos e gestos e acenos e soluços e suspiros e
Murmúrios e sussurros e será como uma
Despedida preventiva pois pode ser que não
Terei tempo de me despedir de todas as
Linhas que compõem o universo e agradecer
Também já que o homem pode viver sem
Tudo porém sem linhas o homem não
Consegue viver e as linhas são infinitas de
Infinitos pontos de infinitas letras e de
Infinitas palavras e cada linha é mais
Discursiva do que a outra e quanto mais se
Alinhava um destino mais linhas se 
Alinhavavam pelos caminhos e umas
Convergentes e outras divergentes e algumas
Linhas bambas a ligarem abissais penhascos
De abcissas de linhas internas e ordenadas e
Coordenadas de planos cartesianos doutros
Planos de linhas de espaços lineares de
Metáforas e literárias e não faço testamento
E é só um lamento de tentativa de despedida
De que perderei a utilidade caso consiga
Passar incólume por essa virose de vírus
Desconhecido e que quer junto com o verme
Conhecido exterminar os homens
Remanescentes da pré-história e conservar
Os homens ditos modernos da pós história.

BH, 0110402020; Publicado: BH, 0310502022.

E o mundo está de joelhos ao inimigo invisível

E o mundo está de joelhos ao inimigo invisível
E desconhecido que nem sabe como combatê-lo
E o exterminador é silencioso como um anjo mórbido
E rápido como um ladrão larápio descuidista que
Age diante dos nossos olhos a levar-nos alma e 
Espírito e o ser e não há o que nos faça prevenir
E mais cedo ou mais tarde tombaremos sem combate 
E o mundo está à deriva tal uma nau mau sem rumo
E sem bonança de calmaria como uma caravela
A ir a pique ou um navio num naufrágio bravio
E não há boias ou botes salva vidas ou outros
Acessórios de salvação e quais serão os remanescentes
Que continuarão com a saga triste da humanidade?
E deve sobreviver algum resistente e que virará lenda
Para narrar numa sagarana o desespero pelo qual
Passa a raça humana submissa neste exato momento
E só resta aos que ainda sobrevivem guardar
Um instante de amor para o final e hibernar na espera
Tal um urso pardo ou uma mulher no resguardo
E purificar no que puder e levitar na insustentável
Leveza do ser e abrir o que puderem para as impurezas saírem
E quem sabe se essas imundícies não conseguem
Dar cabo do nosso exterminador? e quem sabe
Que essas sujidades não se transformarão em anticorpos?
E que darão cabo a esse vírus e a esse verme
Pior do que o vírus e que vieram para cometer
Uma vingança contra a raça humana.

BH, 0110402020; Publicado: BH, 0310502022.

segunda-feira, 30 de maio de 2022

Talvez a natureza esteja a nos cobrar a fatura.

Talvez a natureza esteja a nos cobrar a fatura
Ou chegou a hora de pagarmos por todas as agressões 
Causadas à  natureza e guerras à raça humana ou chegou
O momento de saldarmos as dívidas pelas duas
Bombas atômicas lançadas sobre seres humanos
E na certa teremos que pagar pelos crimes das ditaduras
E por erros mais antigos como a escravidão de povos
E o extermínio de nações indígenas ainda em nosso século
E pode até ser uma utopia ou um onirismo ou um surrealismo
E de repente aparece algo invisível a nos exigir
Retratações pelos absurdos das religiões e as imposições
E as opressões e algo começa a se mover em nossa direção
E teremos que dar conta da flora dizimada e da fauna destruída
E do ecossistema pulverizado e do meio ambiente contaminado
E teremos que nos virar para encontrar as respostas
Antes que seja tarde demais e venhamos a ser eliminados
Um por um como se fossemos carrapatos espremidos
Entre unhas de dois dedos polegares e teremos que
Repensar o mundo se sobrar alguém dessa pandemia
E teremos que nos reabilitar e tirar as nossas corcovas
E os esqueletos que fingimos esquecer e os restos mortais
Das almas que escondermos até agora e chegou a hora
Do acerto que devemos e teremos que pagar para limpar a
História e nós que pensávamos que estávamos
Livres dos nossos grandes ônus e vã ilusão inglória
Ficar impune desses crimes cujo preço são os nossos cadáveres.

BH, 0110402020; Publicado: BH, 0310502022.

Ficarei a dever pelos caminhos minha pele para pergaminhos.

Ficarei a dever pelos caminhos minha pele para pergaminhos
Meu couro enegrecido curtido para manuscritos
E deixarei pelas estradas tecidos abstratos por dívidas
E pagarei com olhos oblíquos da cara pálida para honrar os compromissos
E se os agiotas não ficarem satisfeitos pelas encruzilhadas
Estenderei ossos do meu esqueleto concreto e a marca da
Caveira pelos territórios dos tempos inglórios
E não mais ficarei a dever nada aos fiadores e os
Avalistas ficarão satisfeitos pois já beberam sangue fresco
Primeiro o venoso venenoso e depois o arterial artificial
E paguei tudo tintim por tintim e os cobradores
Não falaram mais mal de mim e foi dente por dente
E foi olho por olho e levei tapas na cara e virei a outra face do rosto 
Para a caravana e quem deve apanha até de quem não deve
E não reclama a história passou a ser outra e vou querer o troco
Já paguei o troço demais por conta e fiquei com crédito
No mercado e com ufanismo exponho as cicatrizes
De ralado relhado neste relato e as retinas furadas e as marcas
Do arrastamento pelo asfalto e a noite me pegou
Ainda em frangalhos e segurava na mão com dedos mortos
Meu patuá feito com meu osso sacro e era a fé cega que me restava
E que me fechava o corpo e me abria a alma e alcei Alceu
Um voo interminável e pousei na elevação a olhar
O horizonte de ouro que do mar surgia.

BH, 0100402020; Publicado BH, 0300502022.

fulana

fulana
fulana
beltrana fulana tá no ridjanero
cicrana
cumé queu faço pra andá de navi
pega uma patinete 
cada sementinha dessa
na palma da mão
é uma arvre imensa amanhã
a chuva moiô dendi casa
indabein queu num iscurreguei
todmundo corr quando chove
med di chuva.

BH, 0300502022; Publicado: BH, 0300502022.

sexta-feira, 27 de maio de 2022

Há uma linda canção de amor guardada dentro do meu coração.

Há uma linda canção de amor guardada dentro do meu coração
Que tenho vergonha de mostrar pois a sociedade vai dizer que
É piegas que é fora de moda ultrapassada afogo esta linda
Canção de amor guardada dentro do meu coração com todo o
Álcool que encontro pelos caminhos a sufoco da maneira que
Posso como se fosse uma solução não a deixo sair de jeito
Nenhum para não vir à tona me fazer chorar às vezes pia
Como se fosse um pássaro outras vezes chia como se fosse
Um outro bicho qualquer quando sibila serpente chega a me
Meter um medo despejo mais álcool em cima da coitada
Fecho a porta tranco a janela passo o cadeado no portão
Ainda assim assanha o meu peito arranha o meu seio a
Parecer uma aranha a aprisionar uma mosca em suas teias
Fala imprecações mundanas profanas tipo uma ateia jogo
Mais um pouco de álcool sossega sussurra me deixa em
Paz faz de conta que não é nada nem quer nada que
Nem me conhece que nunca me viu à esquina a pedir esmola
Às menininhas de rua mendigo travestido de transviado do
Basfond do submundo ou uma travestida de viração ou de
Armação de ressaca de mar furioso em tempos tempestuosos
A linda canção de amor guardada dentro do meu coração
Fica esquecida na lata de lixo sem paz perdão ou salvação

BH, 0100402020; Publicado: BH, 0270502022;

Que felicidade encontrar-me aqui.

Que felicidade encontrar-me aqui
Num dos melhores momentos da vida
Com a pena voadora e o bloco de
Anotações e à mesa da cozinha e falo
Meu bem faze uma obra-prima para
Mim com a tua vida e a pena adquire
Aspirações e orgulhosa e soberba como
Uma dama madame da alta sociedade
Desfila na passarela iluminada e os
Passos vão para a posteridade em forma
De ballet de letras pas de deux de
Palavras e os rastos vão para a
Imortalidade em fórmulas de estrofes
Que não tomo nem conhecimento de tais
Versos e só vou saber o que aconteceu
Horas depois quando leio confusamente
Os rabiscos e quando tento decifrar os
Garranchos que mais parecem registros
Rupestres e nas muitas das vezes me
Emociono e noutras me decepciono e
Depende do que esta mão deixa sobre 
Esta laje desta lápide quando não é
Filosofia ou quando não é literatura ou
Quando não é poema ou quando não é
Poesia e ai é um ai atrás doutro ai e o
Semblante cai e me levanto e não dou
Mais graças a Deus por ver a figura
Envelhecida ou a imagem barbuda
Enferrujada no espelho a me assustar
Como se fosse um espantalho medonho e
Como não sei para aonde quebro o
Espelho sem dó se estou só aqui no
Cubículo como se estivesse numa
Quarentena de quaresma com medo de
Ser contaminado na carne fraca por um
Vírus forte e mais letal do que sou.

BH, 0100402020; Publicado BH, 0270502022.

Se tivesse de me acontecer a minha escrita universal.

Se tivesse de me acontecer a minha escrita universal
Já teria acontecido e pelo tempo de vida vívido
Não precisaria passar os meus últimos dias de vivência
A esperar que a escritura universal venha me encontrar
E não pararei de sonhar pois não posso morrer
Sem concluir meu epitáfio e sem compor o meu réquiem
Ou sem lavrar o meu testamento e inventário
E não posso ser encomendado de mãos vazias
E não deixar nada para que falem de mim no velório
E algo preciso deixar como um fidalgo e
Pelo menos um escrito e nem que seja uma linha
Numa língua estranha ou de anjo ou extinta
Ou um verso ou uma estrofe de deboche
E qualquer coisa serve para encher as bocas
Das carpideiras e dos foxiqueiros e dos fofoqueiros
Que dão em qualquer enterro e com urgência
E mesmo sem ter me aperfeiçoado e sem deixar
De ser um abestado quero lavrar meu atestado
Com todas as causas mortis para que sejam
Motivos de ladainhas e de rezas e de preces e orações
E choros pelos cantos e já nem tenho mais certezas
E só dúvidas e desilusões e o final do filme
É sempre assim uma decadência melancólica
E sem elegância e é uma bancarrota escrota de roto
E esfarrapado e coberto de andrajos na
Única certeza que resta ao resto mortal.

BH, 090402020; Publicado: BH, 0270502022.

quinta-feira, 26 de maio de 2022

Antigamente era mais fácil a vida.

Antigamente era mais fácil a vida
E era mais livre e leve e pegava-se uma
Pena e saia a voar como se tivesse asas e
Pegava-se uma canoa e navegava-se como
Se estivesse num transatlântico em alto mar
E antigamente a morte não era tão constante
E lá que de vez em quando morria-se um ou outro
E antigamente andava-se de pés descalços
E camisa aberta e calções rústicos e não havia stress
E a raiva era pouca ou quase nada ou nenhuma
E o ódio também era pouco tal qual a ira e a cólera
E a maldade andava sumida com a ruindade escondida
E antigamente eram só católicos e crentes
E não haviam fundamentalismos nem tantas corridas
De pastores atrás de cifras e dos cifrões malditos
E das moedas podres com as quais Jesus Cristo
Foi comprado e pelo Judas traído e hoje sem os reverendos
Os pastores eletrônicos almejam o que antigamente
Era pura ojeriza a associação entre bancos e igrejas
E não aceitava-se assim tão facilmente tamanha heresia
Que não envergonha a mais ninguém como antigamente
E bebia-se água de rio e de riacho e de regato e de córrego
E aguardente forte da boa e não álcool desdobrado
E comia-se biscoito de goma assado na brasa pelas pretas
E farinhas de milho e de mandioca e de fubá
E agora velho e alquebrado e maltrapilho
E largado no meu canto com os meus vis desencantos
E esquecido pelos vivos e pelos mortos acabo de morrer
Ao divagar nas coisas de antigamente das quais
Não sinto nem os gostos mais só os desgostos
No amargor da minha boca fétida e mal lavada de velho molambo.

BH, 090402020; Publicado BH, 0260502022.

quarta-feira, 25 de maio de 2022

Não estou a fazer nada então para que esta angústia

Não estou a fazer nada então para que esta angústia
Então para que esta ansiedade então para que
Esta agonia se tenho a noite a madrugada e o dia
À disposição dos poemas que geram a minha poesia
E atrás de mim um passado a se perder de vista
E à minha frente uma linha do horizonte a ser transposta
E um infinito à minha espera à esperança
Então para que este grito e a estar aflito e então
Para que desespero e tormento se nem tudo é dinheiro
Para quem a eternidade é a meta e a posteridade
É o norte e a imortalidade é o caminho e
Então coração cessa a disritmia e para a taquicardia
A vida é picardia e a morte ironia para quem
Esnobou o aquém e almeja o além e a imaginação
E a meditação e a criatividade e a percepção
E a intuição e a geração e a criação e a evolução
E nunca o retrocesso ou o acesso ao obscurantismo
Obsceno ou o abcesso do mesmismo ou o
Tumor do conservadorismo e então para que tanta pressa
Para quem não vai morrer ou só vai morrer o físico
Ou só a carne pois os ossos continuarão aqui aí cá lá acolá
Com a nossa história registrada no nosso esqueleto
Com a nossa caveira a sorrir eternamente de felicidade
E então para que tanta aglomeração de gordura tantã
Envolta do coração com entupimento das veias
E obstrução do fígado e paralisação dos rins
E então para que dar ouvidos às reminiscências da morte?

BH, 090402020; Publicado: BH, 0250502022.

Gostaria de ganhar uma filosofia de vida.

Gostaria de ganhar uma filosofia de vida
Que fosse minha mas todas as filosofias
Já têm donos e não há como pensar uma
Filosofia de vida sem estudar filosofia e
Sem estudar a vida e quem estuda a vida
Estuda filosofia a tendência é só evoluir
É só crescer e aprender a voar e transpor
Abismos e galgar abissais profundezas
Terrestres e marítimas e viver não é
Para os fracos e estudar muito menos e
Filosofar é impossível e só os fortes
Conseguem tais tantas proezas ao mesmo
Tempo pois só os fortes rompem tempestades
Preconceitos e tabus e dogmas e são
Iconoclastas e destroem o conservadorismo
E o atraso e os lugares comuns e aos fracos
Restam as mesmices e as superficialidades
E o medievalismo e o feudalismo e a
Escolástica dos fortes não são as vis e vãs
Academias de fisiculturismo donde ali se
Formam os cérberos e não os cérebros sãos
Que a humanidade tanto necessita e a 
Raça humana tem necessidade de voltar
A ser forte e o ser humano às raízes fortes
E a humanidade voltar a ser forte e ser
Forte é estudar é filosofar e viver e viver
Pois viver é muito perigoso e é preciso
Da mais alta luz da inspiração que quando
Vem do horizonte só nasce no berço dos
Fortes que são os abençoados pela alva e
Embalados na placenta do universo e
Nascidos na elegância da poesia para as
Alvíssaras da posteridade que é o bojo do forte.

BH, 090402020; Publicado: BH, 0250502022.

E para onde vou olhar com estes olhos que não são os meus.

E para onde vou olhar com estes olhos que não são os meus
E cadê os meus olhos que estavam aqui e qual o gato que os comeu?
E quero os meus olhos de volta mesmos cegos não me importa
São cegos mas eram meus e os olhos que tenho agora não são
Os olhos com os quais via outrora e olho com olhos de defunto
Desconhecido e vejo tudo entrevecido e a luz parece
Um manto de ébano e os vultos silhuetas de carvões de carvalhos
Que algum menino preto de rua preta rabiscou no muro preto
E correu da polícia que mata pretos antes de ser assassinado
Ali mesmo na esquina e o polícia ser aplaudido pelo povo
Que tem sede de sangue infantil preto e alguém viu um par
De olhos cegos que vagava perdido no caos urbano a procurar
Uma imagem real perfeita e sublime e suprema e a que via
Era só de monstros que metiam medo em criancinhas e
Eram monstros que já haviam sido banidos dos sonhos e pesadelos
Dos menininhos e das menininhas em suas historinhas pueris
E que agora voltavam como nos velhos tempos de horrores e terrores
E de dissabores e de temores e poucos são os salvadores desses órfãos
E dessas órfãs em orfanatos abandonados e
Aos monturos e murundus os bois das caras pretas
Ainda metem medos nos olhos de olhares assustados
Que anseiam por bonança e quando se abrem estão é no olho do furacão.

BH,090402020; Publicado BH, 0250502022.

terça-feira, 24 de maio de 2022

Quereis saber duma cousa vou largar a caneta.

Quereis saber duma cousa vou largar a caneta
E deixar a mão como se a mão estivesse decepada
E se por conta própria a mão pegar a caneta de volta
E sozinha começar a escrever nesta folha de papel
Não terei responsabilidade nenhuma sobre o que
Esta mão defunta de assombração registrar necrofilamente
Enquanto delírio no subinconsciente e de
Pano de fundo de parede de quarto imundo
De casa mal assombrada de rua de canto
Ou de encruzilhada de bairro suspeito e
O réquiem toca feito um rock n'roll de
Havy metal na receita sexo e drogas e de
Arranco e convulsão sai do controle a mão 
E foge inusitadamente universo a fora e
Faz da esferográfica um foguete interestelar
Ou uma nave espacial movida a âmbar ou
Um antigo e velho disco voador ou um
Satélite espacial de última geração e sem
Turbinas e sem motores e sem rotores e
Sem combustível e ultrapassa a velocidade
Da luz e dá dez mil voltas em cada um dos
Infinitos dos universos infinitos e volta
Carregada de versos e a pena vira uma
Varinha de condão imantada de material
Desconhecido e que faz riscos e rabiscos
E garranchos e borrões e separa mundos
E liga universos e secciona átomos e solda
Partículas e pulveriza montanhas e ergue
Dunas e levita cordilheiras e transforma
Pedreiras em diamantes e é uma mão de
Dante e hora é uma mão de Midas ou dum
Aleijadinho e para trazê-la à ponta do braço
Maneta novamente depois de tantas travessuras
Ok está para se ver nem o Saci Pererê.

BH, 090402020; Publicado: BH,0240502022.

segunda-feira, 23 de maio de 2022

E agora estou aqui bem distante de ti.

E agora estou aqui bem distante de ti
E estendido no chão não sei levantar a mão 
Para pedir perdão se tranquei meu coração e
Esqueci a chave no sótão e o segredo da porta
Do porão e ao me veres com fome não me dês
Um pedaço de pão e faças com que a minha
Palavra seja em vão e não me esperes no
Salão e não por acaso digas a todo mundo
Que sou um vilão e que não tenho consideração
E que não tenho noção e que não sei o que é
Razão e nem percepção e que não tenho
Intuição e sei que não será uma judiação pois
Sempre fui uma perdição e só espalhei
Maldição e quebranto e espinhela caída e
Caxumba e cobreiro e não curei com prece e
Nem com oração e o meu corpo continuou
Com coçeira e não ficou fechado e virou
Morada de assombração e agora não sei o
Que faço da vida com a morte no meu cangote
A dizer que sou forte e a fazer de mim um
Alazão só que um alazão com aleijão e que
Não trota cadenciado e só entra pela contramão
E joga tudo que está em cima no chão e
Esquece o amor na solidão e deixa a paz na
Sofreguidão e tudo por causa dum coração
Ermitão e um planeta sem rotação e sem
Translação e um astro fora de órbita e o
Buraco negro é a única direção.

BH, 08090402020; Publicado: BH, 0230502022.

E há mais ou menos dois dias de volta.

E há mais ou menos dois dias de volta
Às estatísticas dos desempregados pois fui 
Secamente demitido da empresa na qual
Trabalhava nos últimos quase seis anos e 
Vejo tristemente que o povo trabalhador
Brasileiro acabou de perder mais dois
Direitos sociais PIS e PASEP por MP 
Justamente impetrada por quem o povo
Trabalhador brasileiro votou macissamente
Nas últimas eleições o pseudo presidente
Inominável e pergunto do fundo do meu
Coração ferido o que que o povo trabalhador
Brasileiro ganhou ao eleger o maldito dito
Cujo coiso pois até agora foi o único que só
Perdeu e perdeu conquistas conseguidas às
Duras penas e através de lutas e greves
Espetaculares e a minha ficha não cai e se
Depois de tudo que o cara fez na vida dele e
Que foi nada e depois de tudo que o cara
Falou de ruim pela aquela boca maldita voz
Da maldade e depois de viver só à sombra do
Poder público e a empoderar os seus sempre
E vem o povo trabalhador brasileiro mesmo
Assim e abriu mão do trabalho e abriu mão
Do trabalhismo e dos trabalhadores e votou
No próprio algoz e carrasco da classe
Trabalhadora brasileira que agora está nua
No meio da rua e só a bater palmas à elite e
Só a tecer loas à burguesia e à plutocracia e
À cleptocracia instaladas docemente no poder
Só para foder o povo da nação trabalhadora brasileira.

BH, 080402020; Publicado: BH, 0230502022.

Comamos comidas que não nos causem flatulências.

Comamos comidas que não nos causem flatulências
E nem fermentações de gases e não incham 
Nossos fígados ou entupam nossas veias e
Interditam os nossos corações e bebamos de
Beber que não nos embriaguem e nem nos
Envenenem e nem nos intoxiquem e sejamos
Moderados nas gorduras e nos sais e nos 
Açúcares e nos alcoóis e nada de fumaças e
Nem de ervas ou cipós e capins ou folhas e
Nem de fumos ou pedras ou pós e sejamos
Lúcidos e racionais e atuemos com percepções
E intuições e passemos mais tempos em
Meditações e imaginações e criatividades e
Lancemos por terra os maus com os seus males e
Despertemos nossas consciências e cuidemos
Com amor dos nossos órgãos internos e
Externos e façamos exercícios respiratórios e
Mentais e espirituais e nos enchamos de
Blandícias e branduras uns para com os 
Outros e a vida é curta e num piscar de olhos
Lá vamos nós pelas névoas e neblinas e
Serrações e a nos dissiparmos nos fluidos e
Fluídos pelas aragens e a nos dissolvermos
Nos ares que serão cheirados pelas narinas
Dos que ficarão por aqui por algum acaso do
Ocaso e então é isso e só seremos lembranças
E recordações das nossas histórias e nostalgias
Das nossas poesias e personagens de futuras
Elegias mas das muitas vezes nenhuma fotografia na parede.

BH, 020402020; Publicado: BH, 0230502022.

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Divino Espírito Santo de Deus.

Divino Espírito Santo de Deus
E Divino Espírito Santo de Jesus Cristo que
Comandam os trilhões dos Divinos Espíritos Santos de Anjos da Guarda Celestial que são
Poderosos Guerreiros e os mais Gladiadores
E os mais Destemidos que colocam os mais
Perigosos satanases e capetas e demônios
Nos seus devidos lugares e mandai esses
Anjos a captar cada um por um dos vírus do
Tal coronavirus e esmagar entre as unhas
Dos dedos polegares como se fossem piolhos
Ou carrapatos ou percevejos ou muquiranas
E em poucas horas não existiria nenhum
Vírus para contar a história do tal coronavirus
E nessa pandemia mundial só mesmo o
Divino Espírito santo de Deus e o Divino Espírito Santo de Jesus Cristo para nos livrar
De praga tão mortífera porque somos 
Humanos e somos a raça humana e somos a
Humanidade e talvez nem merecessemos tal
Graça mas se for possível chegar aos vossos
Ouvidos essa prece ou aos vossos olhos essas
Palavras e se puderdes atender na primeira
Demanda com um resultado de respostas
Efetivas e já de controle com combate
Cirúrgico de extermínio e de erradicação do
Vírus e do verme e em poucas horas pelo
Menos nós brasileiros nos vangloriaríamos 
De era uma vez um vírus e um verme e a
Humanidade estaria a salvo e agradeceria.

BH, 020402020; Publicado: BH, 0200502022.

quinta-feira, 19 de maio de 2022

E agora com o coronavirus a nos matar.

E agora com o coronavirus a nos matar
E quando alguém tomar conhecimentos
Destes aviamentos talvez já estejamos doutro
Lado do universo e isso se sobrar alguém
Aqui com curiosidade para dar à luz a estes
Discernimentos ou do contrário ficarão para
Outra encarnação ou virarão cinzas com o
Tempo infalível e o tempo que não perdoa e
Que leva tudo a virar poeira de estradas e
Pós de estrados e fumaças de defumações e 
Quem sabe cantar uma cantiga que cante e
Talvez possa até ser uma última canção
Cantada e bem como estas palavras escritas
Também podem até ser as últimas palavras
Escritas pois a ideia da morte nunca nos
Rondou assim tão de perto a cheirar o nosso
Cangote ou a arfar aos nossos moucos ouvidos
Ou a saltitar à nossa frente pelos caminhos
Incongruentes ou até que vierem uns ares
Novos e levar esse coronavirus para uma 
Outra dimensão bem distante daqui do nosso
Meio e o país ainda tem o azar de ter no
Comando da nação uma pessoa delegada
Por parte do povo trabalhador brasileiro mas
Sem vínculo nenhum com o povo trabalhador
Brasileiro e é o que mais atrapalha o combate
Do coronavirus do que ajuda e são duas
Coisas que o povo trabalhador da nação
Brasileira tem que erradicar com urgência o
Vírus e o verme pelo bem e pela sobrevivência do país.

BH, 020402020; Publicado: BH, 0190502022.

Cantiga para a Feliz Cidade, de JOSÉ IGNÁCIO PEREIRA, O POETA DO CÉU AZUL.


I

Para cantar Belo Horizonte eu quero
inspiração que venha lá da altura. 
Na linha extrema onde o amor espero,
cantar quisera toda a formosura.

O coral das vozes do renovo
canta seu hino à Capital do Bem...
Uai, só! Ó trem bão! Viva o povo!
Nós vamos juntos para o Deus do Amém.

II

Na esquina sonhadora ainda ecoa
promessa de venturas, ai, quem dera!
Na praça calma da conversa boa,
o afeto abraça quem ainda espera.

Na Praça Sete lambo um pirulito,
sendo o garoto que ainda sou.
Vidrado pelas coisas do infinito,
sou assim mesmo. Só cantando vou.

III

Belô é o poema do verso profundo,
sendo também uma razão de ser.
Com o lirismo de um Giramundo,
Belô ajuda a gente a viver.

Um violão declara à noite enluarada
que o sonho é o palhaço da razão.
A serenata vara a madrugada
e chega a se alegrar um coração.

IV

BH é minha aldeia universal,
o mistério que o encanto humanizou.
Na Igrejinha, a poesia essencial
encontra a mulher que me encantou.

PRELÚDIO TOSCANO, DE JOSÉ IGNÁCIO PEREIRA, O POETA DO CÉU AZUL.

Quando dizes que vens, o coração
desenha estrelas pelo céu aberto.
Pelos ares se ouve uma canção
de uma alegria cada vez mais perto.

É que chegas a tarde, quando hão
de se ouvir os murmúrios no deserto
e desatar-se amarras da ilusão,
pois tudo agora há de ser, por certo,

tocado por Verdade e Sentimento,
como se eterno fosse o tal momento
de o amor poder honrar-se em plenitude.

Trazendo a chama para iluminar
a via esperançosa de te amar,
tu vens, eu creio, em nome da virtude.

TROVA, DE JOSÉ IGNÁCIO PEREIRA, O POETA DO CÉU AZUL.

A gente, às vezes, nem sabe
direito o que a gente quer,
pois nessa vida só cabe
onde o infinito couber.

AMADA DE VILA FLOR, DE JOSÉ IGNÁCIO PEREIRA, O POETA DO CÉU AZUL.

Ao nome dela, as fontes cristalinas
derramam sobre o horto mais florido
o gesto de um afeto oferecido
ao vento enamorado das campinas.

E no elevar das preces vespertinas,
o coração se encontra enternecido
pelo milagre que lhe deu sentido
na sagração das coisas pequeninas.

É música que vem de longe, abrindo,
nas veredas, a essência pura e linda
para passar o breve encantamento.

É a poesia de um amor infindo
que ainda diz que no horizonte, ainda
há de surgir em glória o sentimento.

NOTURNO POR VAN GOGH, DE JOSÉ IGNÁCIO PEREIRA, O POETA DO CÉU AZUL.

Vou caminhando pela selva imensa 
como se fosse um animal sagrado.
Venho trazido pelo ardor da crença
e já não peço o que é do meu agrado.

Vivi tormentos no deserto imenso,
como um errante, débil, despojado.
Nem me conheço. Eis que agora venço
todas as trevas, pleno, renovado.

Amor, te busco pela noite escura,
rogando por um pouco de ternura,
confiante, cantando os cantos meus.

O dom que me acompanha de esperança
é o puro encanto que a glória alcança.
Sou mais que um homem, abraçando a Deus.

Esperei sair todos para falar para as paredes.

Esperei sair todos para falar para as paredes
Estas palavras de letras robustas e como um Gênio que dá vida às coisas inanimadas e tal
Michelangelo deu dum bloco de mármore a
Vida a um Davi nu e Jesus Cristo deu vida ao Lázaro morto cru tento fazer o mesmo com
Estas frases mirabolantes desta estrebaria as Sentenças insinuantes antes que seja tarde Demais esta letargia de agonia que apodera Dessa mão inválida de fantomas fantoche
Dono desse braço amputado de ombro deslocado
Que não retém um vintém de sagacidade e de
Dignidade com capacidade de iluminar uma
Cidade nesta quarentena de enfrentamento
Dessa pandemia que quer destruir a alegoria
E o adorno da alegria donde crio que adiro e
Admiro à luta com combatentes gladiadores
Guerreiros lutadores e o mundo enfim parou
Para purificar o mundo imundo e a velha
Europa ficou nova e os neo bárbaros e os 
Neo vikings e neo germanos e neo vidigodos
Deram origem à nova civilização europeia
E já que depois dessa centopeia a Europa não
Mais será a mesma e nem mesmo o mundo
Não será o mesmo e nem nós mesmos seremos
Os mesmos e muitos de nós que estamos aqui
Hoje não estaremos aqui amanhã e amanhã
Pode ser a nossa última manhã e estas
Paredes irão reverberar estas palavras de 
Letras robustas nos ouvidos dos mortos
Surdos que se fingem de vivos.

BH, 0230302020; Publicado: BH, 0190502022.

terça-feira, 17 de maio de 2022

As vozes da razão clamam nos desertos.

As vozes da razão clamam nos desertos 
Os gritos da lucidez os berros da percepção
Os uivos da intuição os urros da noção os
Clamores do discernimento as lamentações
Do conhecimento as lamúrias da sabedoria
As máximas da filosofia nada despertam as
Múmias que estavam encobertas por essas
Areias pisadas por Napoleão que gritou aos
Soldados que do alto das pirâmides séculos
Vos contemplam e não há luz suficiente para
Ser jogada nas trevas com as quais essas
Múmias adormecidas trouxeram para a
Civilização da nossa sociedade e são múmias
Funâmbulas e cada uma com um monstro de
Estimação e cada monstro mais perigoso e
Mais devorador e mais letal do que o outro e
Têm fome de mentes e de cérebros e de 
Almas e de espíritos e nos lugares deixam o
Obscurantismo do conservadorismo irreal e
O fanatismo religioso e os preconceitos do
Fascismo e impõem o atraso e o fim das 
Ideias modernas revolucionárias e o fim dos
Ideais libertários e libertadores e em preferência
Ao liberalismo mais selvagem e agressivo e
Nocivo e nefasto e à globalização predatória
E onde só os muito ricos não correm riscos e
Poderosos sobreviverão e onde só os muito
Milionários e donos de gentes e de gados e
Terras e latifundiários serão felizes a causar
A infelicidade de muitos e disponibilizados
Pela falsa meritocracia e as minorias e os
Disprivilegiados seremos extintos juntos com
A natureza e o meio ambiente e os direitos
Humanos e sociais e as liberdades e os 
Empregos e os serviços e os trabalhos e as 
Empresas e as oportunidades e a educação e
A saúde e moradia e com o fim da nossa
Jornada de sonhos e de fé e de esperança 
Num futuro melhor e para os ursupadores o
Início da jornada de apoderação do estado e
Contentam-se com isso descaradamente.

BH, 0230302020; Publicado: BH, 0170502022.

Estas podem ser as últimas palavras de muitos.

Estas podem ser as últimas palavras de muitos
Hoje no universo se o coronavirus não for 
Enfrentado com a devida eficiência por àquele
Que tem a função de combatê-lo e o povo
Trabalhador brasileiro que ficaremos os
Próximos quatro meses de quarentena e sem
Comparecermos ao trabalho e sem recebermos
Os salários e muitos padeceremos ou contaminados
Ou de fome ou doutras formas e não teremos
A quem recorrer antes disso e o presidente
Da república é o primeiro inimigo da nação e
Do país e do povo trabalhador brasileiro e o
Dito governa duma certa maneira apadrinhado
Por membros das forças armadas e qualquer
Ação jurídica contra o cujo a resposta é ameaça
Às instituições com endurecimento do regime
E do uso dos militares para fechar as casas
Legislativas e judiciárias e o mais impressionante
É que ainda há no meio da população quem
Apoia as jumentices do grupo que comanda
No momento o executivo e sob o jugo do medo
O PIG o Partido da Imprensa Golpista que
Muito aprovou e ajudou a colocar o indescritível
No planalto em assalto inconstitucionalissimamente
À democracia junto com o STF Supremo
Tribunal Federal e com tudo e agora comem
O pão que o diabo amassou e sem credibilidades
Tanto o PIG quanto STF tentam pegar carona
No desgaste do indescritível para de novo
Tentar dar a volta por cima e cair nas graças
Da opinião pública e do povo trabalhador
Brasileiro novamente e o inominável segue
Em suas medonhas ideias e suas mórbidas
Ações e suas insanas atitudes no estábulo no
Qual se tornou o círculo onde convive.

BH, 0230302020; Publicado BH, 0170502022.

segunda-feira, 16 de maio de 2022

E hoje aprendi muitas coisas já posso dizer.

E hoje aprendi muitas coisas já posso dizer
Que sou quase um sábio com minha astúcia 
E audácia e até já sei observar um sabiá em
Cima dum muro e converso com calangos e
Salvo besouros e mariposas e borboletas e
Os caramujos para não serem atropelados e
Agora sou um sábio e não tão sábio quanto
Um sabiá ou um calango mas sou um sábio
Também e sem modéstia já sei olhar o céu e
Decifrar as nuvens e de noite namoro a lua e
Canto às estrelas e conto as estrelas e gosto
De perder a conta para começar a contar tudo
Outra vez e sem errar e erro de propósito e
Volto a contar pois não há nada mais sábio
Do que contar estrelas numa noite iluminada
E o mais importante de tudo nesta vida batizo
Cada estrela e dou nome a uma por uma e
Dou nome mesmo e não números pois as
Estrelas gostam de ser chamadas pelos nomes
Próprios e as abençoo e as bendigo e as glorifico
E lá para de madrugada quando paro de
Conta-las vou dormir e acabo por sonhar 
Que estou a cantar e a contar estrelas e
Acordo e vejo que estou realmente a cantar
E a contar estrelas e é um grande exercício
De inteligência e sabedoria e audácia e fé e
Coragem e as estrelas brilham cada vez mais
Quando percebem que há um velho contador
De estrelas cá aqui acolá ali à espreita e brilham
Tanto que chegam a embaçar as minhas
Embotadas retinas de míope mas com 
Lentes artificiais implantadas.

BH, 0230202020; Publicado: BH, 0160502022.

A palavra é dita com a boca fechada.

A palavra é dita com a boca fechada
A palavra é proferida profética com a boca
Aberta a boca é de quem é a palavra é de 
Quem é a letra é dita letra por letra a letra
É proferida profética vocabulário por
Vocabulário a letra é de quem é de todas as
Bocas faltantes falanges e mudas a boca é de
Quem é não interessa o dono de quem não é
Dono de nada nem César era dono de César
Vivia enganado a enganar todo mundo
Quando foi assassinado assinalado ficou
Surpreendido pela morte que usou o filho
Para fazer o corte o furo a boca que não
Proferiu nada só jorrou o rio de horror a
Boca falou indignação surpresa o inesperado
Do ato da boca que nada falou do punhal que
Só cortou furou e César tombou furado
No senado a boca da história cada uma conta
Uma letra cada uma conta uma palavra as
Palavras as letras não contam nada são
Palavras mortas de letras mortas de todos
Os mortos e o mundo é que acaba por dizer
Tudo no mundo do mundo daqueles que se
Silenciam em nome da covardia da injustiça
E dos frutos e das frutas podres que não caem
Dos pés mesmo após a passagem dos
Vendavais e dos temporais torrenciais.

BH, 0270202020; Publicado: BH, 0160502022.

Não posso dizer que não tentei.

Não posso dizer que não tentei
E ninguém também não pode dizer que não
Tentei e se não consegui não foi por falta de
Tentativas e de tentações e se houve alguém
Que mais tentou no mundo fui este alguém e
Nunca fui ninguém e um tentador inveterado
E cheio de tentações e espíritos e e entes e 
Entidades e assombrações e sobrenaturais e
Sombras e penumbras e vultos e silhuetas e
Simulacros e fantasmas e imagens e visões e
Aparições e imaginações e manifestações e 
Efeitos especiais paranormais e sem resultados
Concretos e sem respostas e sem resoluções e
Sem curas para as loucuras e sem remédios
Para os tédios e sem calmantes e calmarias
Para os extremantes e sem antídotos para os
Venenosos e a acompanhar os outros loucos
Para os calabouços e os condenados nos
Condomínios para os cadafalsos e as almas
Penadas para os purgatórios e sempre a 
Tentar para sempre e a almejar e a desejar
Para já e a ficar insatisfeito e como uma 
Fratura exposta a mostrar os defeitos e os 
Aleijões camuflados por dentro e por fora e 
A capengar e a mancar e a rastejar e nunca
Chegar ao fim do caminho e nunca inventar
A linguagem que Alva Edison e Nikola Tesla
Tentaram inventar para uma comunicação
Moderna e de alto nível e possível com o
Impossível pois todas as comunicações
Usadas já estão de muito superadas.

BH, 0240270202020; Publicado BH, 0160502022.

domingo, 15 de maio de 2022

Amanhã de manhã bem de manhãzinha.

Amanhã de manhã bem de manhãzinha
Quando for na natureza vida a se livrar de 
Queimadas e da devastação do homem e da 
Destruição do planeta e o índio fechar a 
Veneta e decretar e dizer que quem não for
Povos das florestas e quem não for nativos da
Terra mãe sagrada e quem não for filhos das
Matas e não tiver pintado de guerra com tinta
De urucum tem 24h para abandonar a Amazônia
E só ficará nas florestas quem realmente
Provar que está ali para defendê-la e que
Está ali para dar a vida pelas matas e pelas
Terras e pelas faunas e pelas floras e pelas
Biodiversidades e pela salvação das águas e
Pela preservação dos rios e pela expulsão dos
Grileiros e dos garimpeiros e dos ruralistas e
Dos latifundiários e dos agronegócios das 
Reservas e das tabas e das aldeias indígenas
E dos locais sagrados e abençoados pelos
Ancestrais e as nações viverão para sempre
Em harmonia e a compartilhar terras povos
Florestas e demais elementos elementares e
Organismos e o meio ambiente agradecerá e
Resistirá e a cultura será conservada e as
Tradições e os rituais salvos da abrangência
Branca e a pureza e a delicadeza e a franqueza
E as almas sem pecados dos índios livrarão 
Seus espíritos nos sítios desses paraísos.

BH, 0240202020; Publicado BH, 0150502022.