Ai que saudades que tenho
Dos meus tempos de criança
Lá no morro do Pau-Velho
E vivia
E corria
E xingava
E cuspia
E brigava
E apanhava
E batia
E brincava
E dava pedradas
Fumava escondido
Roubava frutas
Roubava meus pais
E era gente
E era capeta
E era demônio
Ai que saudades que tenho
Da minha casa
Lá no morro do Pau-Velho
Casa calma
Cheia de sombras
Árvores no quintal
Balanço nos galhos
Minha paixão
Ai que saudades
Daquelas tardes
Sem barulhos
E sem mortes
Tardes infantis
Tardes pueris
Que davam prazer
Senti-las passar
Preguiçosamente
Ah meu morro
Meu morro do Pau-Velho
Se pudesse ser criança
Novamente
Para sentir a paz
Para sentir o amor
De viver em ti
É uma pena
Que o tempo passa
Tudo muda
Tudo se transforma
E me vi homem
Tão de repente
Mas as tuas lembranças
Doces lembranças
Não saem da minha mente
Minha mente de criança.