Não estou com vontade é porque
Não nasci com vontade nem nasci
Quem nasce tem vontade de nascer
Ânimo quem nasce tem potência de
Poder poder não quis nascer com
Querer não sei porque não fui eu
Quem quis nascer alguém quis por mim
Alguém quis um espermatozoide alguém
Quis um óvulo só sou o que não quis nada
Agora quem está aqui a pagar o pato
Por tudo sou o único que estava
Fora de tudo da história dos atos dos
Gestos dos jeitos o único que não quis
Agora é obrigado a querer violentamente
Tudo é obrigado a querer até a
Salvação quando quer desesperadamente
A perdição torno-me insociável com os
Associáveis torno-me rude sem
Gentileza com educação de colonizado
Cultura de colonizado ninguém quererá
Que seja clonado duplicado se um de
Mim é um chute no saco dois de mim
Seria o quê? dois chutes no saco
Moeram-me como se fosse café torrado
Socaram-me no pilão com a mão
Como se fosse assim uma
Espécie de grão sou é uma graúna uma
Gralha uma tralha uma talha da minha
Avó cheia de geringonças dela minha
Avó que levo o destino dela não teve
Nem o direito de morrer e eu?